• Para Walter Feldman, apoio à tucano é 'muito semelhante ao que aconteceu nas manifestações de junho do ano passado'
Ana Fernandes e Ricardo Chapola - O Estado de S. Paulo
Segundo a Polícia Militar, a manifestação de apoio ao candidato a presidente Aécio Neves (PSDB) na capital paulista reúne cerca de 10 mil pessoas. A concentração começou no Largo da Batata, na zona oeste, e segue na Faria Lima. Jingles da campanha se misturam a gritos de ordem contra o PT. A cantora Wanessa Camargo cantou em cima do carro de som a música oficial da campanha, que já havia gravado para o programa de TV de Aécio. Ela cantou também o Hino Nacional.
Entre os gritos anti-PT, repetidos à exaustão pelos manifestantes, destacaram-se hostilidades contra o ex-presidente Lula. "Lula, cachaceiro, roubou o meu dinheiro", gritavam. Também ouviu-se:"Dilma vai embora, o Brasil não quer você, aproveita e leva o Lula e os vagabundos do PT"; "O PT roubou" e "Fora PT".
"É uma coisa impressionante, muito semelhante ao que aconteceu nas manifestações de junho do ano passado", disse Walter Feldman, que coordenou a campanha de Marina Silva e que agora se dedica à campanha do tucano, ao Broadcast Político, em meio à manifestação. Com nome #VemPraRuadia22, o movimento tenta reavivar o espírito das manifestações que causaram abalo à avaliação da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2013.
Foi anunciado no carro de som atividades simultâneas em mais de 15 cidades. O carro tocou o jingle da campanha e chamou para gritos de "Fora PT", "O PT roubou" e até uma marchinha de "Dilma vai embora, que o Brasil não quer você / aproveita e leva o Lula e os vagabundos do PT".
A ideia é partir em seguida para uma caminhada pela Avenida Faria lima. O tom ufanista se vê em camisas e bandeiras do Brasil e se mistura a falas de revolta contra o PT.
Muitas pessoas trouxeram crianças e até cachorros. Misturam-se eleitores tradicionais do PSDB a eleitores que também já votaram no PT. "Sempre votei no PSDB, sou anti-PT desde a 'revolução de 64'", disse a confeccionista Acrisia Monteiro. Já Vitor Sanches, auxiliar de escritório, que votou em Dilma em 2010, diz hoje apoiar o tucano por ter ficado decepcionado com a capacidade de gestão do governo Dilma. "Nas manifestações, eu fui pra rua e não houve mudança, a mudança vai ser na urna."
Já subiram no carro de som, no Largo da Batata, o candidato presidencial do PV, derrotado no primeiro turno, Eduardo Jorge , o vereador do PV Gilberto Natalini e o jurista e ex- ministro do governo Lula, Miguel Reali Jr. "O PV foi o primeiro partido que decidiu apoiar Aécio no segundo turno", disse Jorge, que afirmou que o apoio se deve ao atual governo ser "avesso" ao povo e porque o governo "infiltrou até a medula" ministérios e agências reguladoras.
"Estamos indignados ou não estamos indignados? Vamos reagir no voto e vamos pôr o PT fora do governo", disse Reali Jr. Os famosos Juca Chaves e Ronaldo Fenômeno são esperados. Também foram citados os tucanos Jose Serra e Mara Gabrilli, que devem chegar em breve.
Manifestações. Para garantir a vantagem de Aécio no Estado, o PSDB também investiu em agenda de forte apelo popular nesta última semana. A estratégia foi promover atos inspirados na onda de protestos de junho de 2013. A aposta é vincular o candidato à ideia de mudança expressa pelos manifestantes, como o tucano já vem fazendo em seus programas de TV.
Na segunda-feira, aliados de Aécio se concentraram na Avenida Paulista. Na quarta-feira, o local escolhido foi o Largo da Batata, em Pinheiros, na zona oeste, que em 2013 foi o palco de uma das maiores manifestações da série junina.
Como Aécio passou o dia em campanha em Minas, seu Estado natal, coube ao ex-presidente Fernando Henrique e o senador eleito José Serra representá-lo no evento. De cima de um carro de som, Serra puxou o coro de “Adeus, PT”, que foi rapidamente ecoado pelas mais de 10 mil de pessoas que se reuniram no local.
FHC também se pronunciou: “Não dá mais para seguir com a incompetência, vamos vencer. Em São Paulo, temos a obrigação de eleger Aécio Neves presidente.” Além dos tucanos, o ex-jogador de futebol Ronaldo engrossou o time ao subir no carro de som e bradar por mudança.
Apesar de não ter comparecido ao ato de quarta-feira, o governador Geraldo Alckmin também tem realizado agendas de campanha para o candidato tucano aos finais de semana. No domingo, por exemplo, ele foi a São Bernardo do Campo, na região metropolitana, para fazer uma caminhada.
Segundo o presidente do PSDB paulista, deputado Duarte Nogueira, somente na capital paulista cerca de 600 pessoas do partido foram recrutadas e estão sendo pagas pelo comitê financeiro da campanha de Aécio para fazer a panfletagem nas ruas.
O estafe do presidenciável também foi reforçado pela estrutura de campanha de Alckmin, que foi reeleito no 1.º turno. Cerca de 50 pessoas que trabalharam para a campanha do governador foram realocados para o comitê de Aécio. /
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