- Folha de S. Paulo
É improvável que os otimistas com a economia no governo Dilma tenham saltado 12 pontos (de 32% para 44%) em um mês. Primeiro, porque não há nada de novo para reforçar essa percepção. Segundo, porque, ao contrário, continuam jorrando dados negativos.
O crescimento deve ser inferior a 1%, o que não deixa o Brasil exatamente bem na foto nem na América Latina nem entre os emergentes. E, na própria terça (21), chegaram duas novas más notícias: a inflação acima não só da meta, mas do próprio teto da meta, além do rebaixamento da nota de crédito da Petrobras.
Na avaliação do analista de pesquisas Antonio Lavareda, esse pulo nos índices não reflete um súbito rasgo de otimismo com Dilma e com os dois derradeiros meses desse governo. É muito tarde para dizer que "daqui pra frente, tudo será diferente". Reflete, sim, uma expectativa favorável tanto dos eleitores de Dilma quanto dos de Aécio. Os dois grupos acham que o seu candidato vai vencer e, portanto, a economia vai melhorar "nos próximos meses".
Pelo Datafolha, 50% dos eleitores de Dilma e 43% dos de Aécio acreditam na melhora da economia --provavelmente, a partir da posse do novo governo, em janeiro. Haveria, assim, uma "soma de otimismos", segundo Lavareda. Ou, numa outra forma, "todos estão [por ora] felizes".
O mais curioso é que a percepção da melhora na economia em 2015 não encontra respaldo na mais elementar análise da realidade. Dê Dilma ou dê Aécio, será um ano muito difícil, de ajustes, para retomar o crescimento, a meta de inflação, o controle fiscal, o equilíbrio das contas externas. E só a partir de 2016... A coisa não está boa. Ou Dilma não teria demitido o ministro da Fazenda no meio da campanha...
O otimismo dos eleitores, pois, nem é exatamente com a economia, mas sim com a possibilidade de vitória do seu (sua) candidato(a) domingo. Aí... as pesquisas dão indícios importantes, mas não adivinham.
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