• Grupos que organizam atos pedirão queda da diretoria da Petrobras. Manifestações ocorreram em 11 capitais
- O Globo
RIO - Grupos que têm organizado manifestações contra o governo Dilma planejam focar a crítica dos próximos atos nos escândalos envolvendo a maior estatal brasileira, a Petrobras, alvo da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. A próxima manifestação está prevista para 29 deste mês, e manifestantes pedirão que a direção da empresa seja substituída. No sábado da semana passada foram registrados pequenos atos contra o governo em dez capitais, além do DF. A maior mobilização ocorreu em São Paulo, onde cerca de 10 mil pessoas com diferentes demandas protestaram contra o governo, segundo a PM.
Nas duas semanas que antecederam o segundo turno das eleições presidenciais, o PSDB articulou dezenas de atos a favor de Aécio e contra o governo pelo país, em estratégia para tentar reaver o clima das manifestações de junho de 2013, que atraiu milhares às ruas. A estratégia não foi suficiente para virar a disputa presidencial. Ainda assim, parte desta “nova militância” continuou protestando contra Dilma.
Embora o PSDB não participe mais diretamente da organização dos eventos, alguns de seus dirigentes os apoiam na crítica ao governo, mas não no pedido de retorno de militares ao poder. O partido divulgou, inclusive, nota explicitando esta posição. O candidato derrotado a vice-presidente, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), foi um dos presentes no último ato de São Paulo.
Contra o ‘bolivarianismo’
No Rio Grande do Sul, o grupo que defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff é coordenado por parlamentares do PP. Com rostos pintados de verde e amarelo e cartazes pretos em que pediam o impeachment da presidente, os manifestantes criticaram uma suposta tentativa de “bolivarianismo” por parte do governo federal - uma referência a alguns governos de esquerda na América do Sul — e pediam o fim da corrupção.
De acordo com um dos organizadores da manifestação, Marcel Van Haten, suplente de deputado estadual pelo PP, o movimento não tem caráter partidário.
- Faz parte da democracia. Pretendemos mostrar para o governo que existe oposição na sociedade, e não apenas no Congresso, e que a população está indignada com as notícias sobre a corrupção - disse.
O ato contou também com a presença da vereadora Mônica Leal (PP) e da filha da ex-governadora Yeda Crusius (PSDB), Tarsila Crusius.
O perfil e a quantidade de pessoas atraída às ruas hoje é semelhante ao do movimento “Basta”, que, em 2006, protestou contra o então presidente Lula, em ambiente ainda impactado pela descoberta do mensalão.
Em São Paulo, um dos organizadores dos atos atuais contra o governo é Marcello Reis, do “Revoltados on line”. Na última semana, o grupo divulgou o número de uma conta bancária para pedir apoio. A ideia é abrir um site para receber assinaturas de pessoas que desejam o impeachment de Dilma, com cópia de título de eleitor.
- Estamos nos reunindo para ganhar mais corpo. Queremos o impeachment da presidente, acreditamos que a eleição pode ter sido fraudada - afirma o militante.
Em Belo Horizonte, os participantes de atos têm trocado mensagens por celular e se reunido para traçar estratégias. As manifestações têm sido pacíficas, e a intenção dos organizadores é que continue assim.
- Não há mascarado ou caso de violência. Aparecem famílias, casais, casais com filhos pequenos - afirma um dos engajados do movimento, o estudante de Direito da PUC Caio Marczuk, que protesta contra as denúncias de corrupção envolvendo o governo federal, a falta de comprovação impressa do voto na urna eletrônica e o apoio do Brasil aos governos de Cuba e Venezuela.
- Essas são manifestações espontâneas, não são conduzidas por líderes ou sindicatos. Terminada a eleição, constata-se que muita gente passou a gostar de política - diz o mineiro Gabriel Azevedo, que atualmente não participa dos atos, mas foi um dos principais organizadores dos atos pró-Aécio.
- Os eventos são promovidos por redes distribuídas. A desorganização possibilita a entrada de estranhos, que não são muito afeitos à democracia. Mas isso não quer dizer que todos aqueles que estão ali pensam dessa forma - continua Azevedo, referindo-se a alguns manifestantes que defenderam a volta do regime militar durante os atos.
No Rio, militantes descontentes com o atual governo têm se reunido na Praça Tiradentes, no Centro da cidade. Integrantes também pedem a deposição da presidente e falam em eventos de “caras pintadas versão 2014”. A mobilização se dá principalmente pelo Facebook. Eles esperam reunir gente para gritar contra Dilma em 1º de janeiro, data da posse da presidente reeleita.
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