• Partido da presidente é contra indicação de Joaquim Levy para o comando da Fazenda; anúncio deverá ser feito até quinta-feira
João Domingos - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Assessores de Dilma Rousseff dizem que, apesar de já escolhido o nome do ex-secretário do Tesouro Joaquim Levy para a vaga de Guido Mantega no Ministério da Fazenda, a presidente deixou o anúncio para esta semana, entre outros motivos, porque quer lidar com a resistência dos petistas em relação à indicação. O anúncio será feito até quinta-feira.
Além de apaziguar as resistências internas no PT - alguns dirigentes chegam a chamar Levy de "mãos de tesoura" em razão de sua ortodoxia econômica - há ainda outra preocupação: o governo quer aprovar antes do anúncio o projeto que flexibiliza a meta de superávit primário, medida que é vista com ressalvas por parte dos economistas.
A escolha de Levy para a Fazenda, do ex-secretário executivo da Pasta Nelson Barbosa para o Planejamento e da manutenção do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para compor o triunvirato da equipe econômica, foi vazada por integrantes da equipe de Dilma na sexta-feira. Extraoficialmente, os repórteres foram informados de que o anúncio seria feito naquele dia. Depois o Planalto divulgou, oficialmente, que nada seria anunciado.
Dilma passou o dia de ontem no Palácio da Alvorada, onde mora. Ao contrário dos finais de semana anteriores, quando começou a tratar da escolha da nova equipe, não houve entra e sai de políticos e de auxiliares da presidente no Alvorada.
O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, permaneceu em Brasília, à disposição da presidente, mas não foi chamado. Circularam informações de que Dilma fez algumas ligações, uma delas para Giles Azevedo, seu chefe de gabinete, que poderá ser escolhido ministro de Minas e Energia, no lugar do senador Edison Lobão, que é da cota do PMDB.
Entre os peemedebistas já existe a certeza de que o Ministério de Minas e Energia sairá do controle do partido.
Conformados, eles esperam ser recompensados com o Ministério de Cidades, hoje com o PP. Um dos candidatos para a pasta é o atual ministro da Aviação Civil, Moreira Franco. Outro é o deputado Elizeu Padilha (RS), que abriu em favor de Dilma uma dissidência no PMDB gaúcho, que apoiou o tucano Aécio Neves na disputa eleitoral.
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), informou ontem que o partido ainda não tratou da ocupação da Esplanada dos Ministérios com Dilma.
Ele está conformado com a perda das Cidades. Acredita que será contemplado com uma outra pasta forte, pois o partido manteve-se fiel ao governo tanto nas votações quanto na aliança que apoiou Dilma na sucessão presidencial.
O PTB, cuja cúpula apoiou a candidatura de Aécio Neves, e viu a base defender a petista, ocupará um ministério pela primeira vez na administração de Dilma. Ela convidou o senador Armando Monteiro (PE) para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Monteiro foi presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e será o canal de negociação com os empresários do setor.
A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), foi convidada para o Ministério da Agricultura. A ruralista deverá fazer a ponte com o agronegócio.
Representantes dos movimentos sociais já tentam demover Dilma do convite. Os recados transmitidos à presidente carregam apelos do tipo "quem foi pra rua lutar por sua eleição não foi Kátia Abreu".
Oriunda do DEM, quando fez forte oposição ao governo do PT, Kátia Abreu se transferiu para o PSD de Gilberto Kassab e, depois, para o PMDB. Mas entre os peemedebistas ela ainda é vista como uma estranha no partido e os principais dirigentes da legenda não apoiam a sua indicação. Segundo os peemedebistas, o partido não ficará nem um pouco chateado se Dilma desistir do convite à senadora. / Colaborou Ricardo Della Coletta
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