• Aécio investirá em viagens e em campanhas de filiação que mobilizem diretórios para convenções em março
Junia Gama – O Globo
BRASÍLIA - O PSDB quer aproveitar a mobilização popular das eleições de outubro para manter a oposição forte e competitiva para 2018. Para isso, os tucanos investirão em alguns eixos estratégicos. Um dos focos será o Nordeste, eleitorado que votou massivamente na presidente Dilma Rousseff e, tradicionalmente, tem escolhido o PT na eleição presidencial, partido que conseguiu demarcar a paternidade de programas de transferência de renda como o Bolsa Família.
Aécio investirá na região, com viagens e ações de filiação de novos tucanos para ocupar o território que hoje pertence aos petistas. Nas próximas semanas devem começar os primeiros eventos de filiações massivas nos estados em que o PSDB tem menor presença, como Rio Grande do Norte e Ceará. A ideia é criar um movimento nos moldes de uma campanha de filiação que dure até fevereiro do próximo ano, para que os diretórios regionais estejam mobilizados no período das convenções, em março de 2015.
A reconquista de Minas Gerais também é prioridade e questão de honra para o senador Aécio Neves. Depois de perder em seu próprio estado para Dilma Rousseff, o tucano quer investir forças e já há quem defenda a candidatura de Antônio Anastasia para a prefeitura em 2016. Pelo Brasil, o PSDB quer lançar candidatos a prefeito com lastro social. A próxima eleição será o primeiro teste para aferir se Aécio conseguirá ou não manter a popularidade dos cerca de 49% dos votos do eleitorado no Brasil.
O candidato derrotado de outubro admite que houve um erro coletivo no comando da campanha em Minas Gerais.
— Temos que ter uma atenção grande, e eu, como presidente do partido, vou buscar. Nós vamos ter nessas próximas eleições municipais candidatos muito capilarizados, com segmentos muito mais amplos. Em uma reunião da Executiva em dezembro vai ter esse foco. Vamos ter uma ampla campanha de filiação no Brasil inteiro — afirma Aécio.
Combate ao ‘terrorismo eleitoral’ é uma das metas
Um dos principais desafios do PSDB, segundo a cúpula tucana, é superar a insegurança do eleitorado mais dependente dos programas sociais do governo federal. O melhor remédio para combater o terrorismo eleitoral, afirmam dirigentes do partido, é colocar o pé na estrada desde já para divulgar as experiências bem-sucedidas do PSDB na área social.
— O que o PSDB precisa é estar mais presente nessas regiões, ir várias vezes ao ano, conversar com Academia, sindicatos, com entidades empresariais, falar da sua visão política e das experiências ricas que temos tanto no governo federal, quanto nos estaduais — diz o governador reeleito de Goiás, Marconi Perillo.
Conquistar confiança
Para o goiano, a ação do PSDB não pode se limitar apenas ao período eleitoral. Conquistar a confiança desse segmento da população leva tempo, afirma Perillo:
— O PSDB precisa de competência para convencer esses eleitores que ainda desconfiam da gente em relação às politicas sociais de que não há necessidade de qualquer temor.
Uma das lideranças do partido no Nordeste afirma que o PSDB deve, desde já, começar a enfrentar o que chama de debate do “coitadismo” e parar de disputar a propriedade dos programas sociais com o PT. Para esse tucano, a campanha de Aécio errou ao evitar a crítica a esses programas e acabou fazendo propaganda pró-governo quando insistiu no discurso de que manterá e ampliará os benefícios, ao invés de apontar a saída que pretende oferecer aos que hoje são dependentes.
Aécio Neves sinaliza que sua presença será mais efetiva junto ao eleitorado de forma direta, não apenas por meio do seu mandato como senador nos próximos quatro anos. Ele destaca que, para a missão de manter a conexão com a sociedade que se criou nessa eleição, o trabalho deverá ser no estilo de uma verdadeira força-tarefa da oposição.
Outra fatia do eleitorado em que Aécio pretende investir é na juventude. Os tucanos querem penetrar um terreno que até então costuma funcionar como apêndice de partidos de esquerda como PT e PCdoB: o dos diretórios acadêmicos nas universidades. A cúpula do PSDB admite que o partido não tem boa inserção nas universidades e quer que tucanos comecem a disputar eleições para diretórios. Acreditam que a presença maior entre a juventude poderá ajudar a manter vivo o sentimento de mudança que beneficiou o PSDB nesta eleição.
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