• Em evento, tucano diz que percepção se deve a "várias crises"
- Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou neste sábado (15) que o Brasil enfrenta várias crises simultâneas, mas que a presidente Dilma Rousseff "se sente ilegítima" mesmo após ter assegurado um segundo mandato.
"A crise é grande. Não é uma crise, são várias crises ao mesmo tempo. Você tem a sensação de uma presidente que ganha a eleição, mas se sente ilegítima. Não é sua culpa, mas se sente", afirmou FHC, durante participação no Festival Piauí de Jornalismo.
"Você tem um jogo político mal organizado. Nunca vi um presidente demitir o ministro da Fazenda no ar. O ministro continua, não tem outro, gera incerteza", criticou o tucano.
Em 4 de setembro, durante a campanha eleitoral, Dilma indicou que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não continuaria no governo caso fosse reeleita, mas, três semanas após o segundo turno, ainda não anunciou o seu substituto.
Com relação às crises que o Brasil estaria enfrentando, o tucano mencionou a falta de alternativa ao "sistema de barganha" entre o governo e os 22 partidos do Congresso (serão 28 a partir de janeiro), a área energética e até o fortalecimento da direita.
"Há um processo de criação de núcleos de direita que não tem a ver com o PSDB, com o Aécio. Houve a instigação nesse sentido pela obsessão do PT em dividir: nós e eles, nós e eles"", disse.
"Não está claro qual será o nosso futuro em matéria institucional e, em consequência, a nossa capacidade de conduzir o país no mundo, que está mudando tão rapidamente", prosseguiu.
Mas FHC não foi pessimista todo o tempo. Disse que vê uma "sociedade com mais dinamismo, com mais instrumentos de mostrar a sua vontade" e elogiou alguns avanços, como a atuação independente do Ministério Público Federal e a diminuição do analfabetismo.
Regulação da mídia
Antes, ao ser questionado sobre a pouca regulação da mídia no Brasil em comparação com países desenvolvidos, como EUA e Reino Unido, o ex-presidente disse que, no país, "o problema é a falta de confiança na agência reguladora".
"Ninguém vai confiar. Você não vai ter uma regulação no sentido objetivo, de garantir acesso, mas de ser uma coisa mais controlada pelo governo. Tem esse medo de que isso ocorra", disse.
Ao defender a necessidade de diversificar os meios de comunicação no Brasil, FHC foi questionado se isso não envolveria "quebrar alguns grupos econômicos".
"Eu não falo de amigos", limitou-se a dizer, arrancando risos da plateia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário