Ricardo Galhardo e Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo
Diante do temor de que o vexame da seleção brasileira diante da Alemanha na semifinal da Copa contamine a disputa eleitoral, o governo e o comando da campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição partiram para cima da CBF e dos clubes de futebol.
Ontem Dilma e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, defenderam a modernização da estrutura do futebol brasileiro. Petistas lembram que a estratégia não pode ser acusada de oportunista já que a proposta faz parte do programa de governo apresentada pela campanha ao TSE no dia 5, ou seja, dois dias antes do vexame do Mineirão.
"É urgente modernizar a organização e as relações do futebol, por exemplo, nosso esporte mais popular", diz o texto.
Dilma quer aproveitar a proposta de renegociação das dívidas dos clubes para exigir uma contrapartida, estabelecida em lei aprovada pelo Congresso.
Entre as exigências aos clubes deverão ser incluídas maior transparência em suas contas, com determinação de publicação de balanços periódicos, e punição ao clube, com rebaixamento automático da primeira para a segunda divisão, do time que atrasar o pagamento de salário dos jogadores.
Na semana que vem, a presidente deve se reunir com integrantes do Bom Senso F.C. Será o segundo encontro com o grupo que representa os interesses dos jogadores em menos de dois meses.
O site Muda Mais, que apoia a candidatura de Dilma, publicou um texto com críticas ao presidente da CBF, José Maria Marin, e aos ex-presidentes da entidade João Havelange e Ricardo Teixeira. O texto vincula Havelange e Marin à ditadura militar e aponta possíveis brechas legais para a interferência do governo em assuntos da CBF, uma entidade privada.
Segundo um integrante do comando da campanha petista, a ideia é culpar a falta de organização e a estrutura arcaica do futebol brasileiro pela derrota da seleção diante da Alemanha e, assim, descolar Dilma do resultado ruim do Brasil em campo. A presidente quer adicionar a reestruturação do futebol brasileiro aos legados da Copa.
A campanha de Dilma ainda vai explorar os atritos da presidente com a Fifa durante a organização do torneio.
A desarticulação de uma quadrilha internacional que vendia ingressos ilegalmente há quatro Copas também será usada pela campanha petista. Embora o trabalho seja da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o PT enxerga na operação um argumento importante para a tentativa do partido de retomar o discurso do combate à corrupção.
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