• Tucano diz que Dilma tenta ‘se apropriar’ de um evento que ‘é de todos os brasileiros’; ministro classifica declaração de ‘desprezível’
Débora Bergamasco e Felipe Werneck - O Estado de S. Paulo
O candidato a presidente do PSDB, Aécio Neves, afirmou nesta quinta-feira, 10, que a presidente Dilma Rousseff vai “pagar o preço” nas eleições por tentar “se apropriar” da Copa do Mundo. Para ele, a postura da petista sobre o Mundial sediado no Brasil variou de acordo com o humor dos eleitores em relação ao torneio.
“Quando vieram as manifestações, ela não tinha nada a ver com Copa do Mundo. Quando a Copa quis dar certo, parecia até que ela era a artilheira da seleção. Acho que quem vai pagar o preço são aqueles que tentarem se apropriar do evento que é de todos os brasileiros”, afirmou o candidato tucano durante agenda pública no Espírito Santo.
Aécio não quis responder se a derrota do Brasil por 7 a 1 poderia afetar o desempenho dos candidatos na eleição. “Todos nós estamos tristes com o resultado. Eu estive lá, como torcedor, no Mineirão, atônito com o resultado e nunca misturei as coisas”, afirmou, insistindo que o governo tenta explorar o torneio politicamente. “Aqueles que esperavam fazer da Copa do Mundo, como diz a presidente, né, ‘uma belezura’ para influenciar nas eleições, vão se frustrar.”
Seguindo à risca a estratégia traçada por ele e sua equipe de campanha, Aécio não se estendeu nos comentários sobre a Copa e já mudou de assunto: “Agora é hora de pensar no futuro do Brasil, vamos debater as propostas que os candidatos têm para o País sair desse marasmo. Somos o País que menos cresce na nossa região, temos de novo uma das inflações mais altas do mundo”, disse. “No campo da infraestrutura e da gestão do Estado, nos legará um Brasil transformado em um cemitério de obras inacabadas e com sobrepreços por toda parte”, completou o tucano.
Existe uma corrente dentro da equipe da campanha de Aécio defendendo que temas relacionados à Copa do Mundo devam ser “resfriados”. Outra sustenta que é preciso explorar o fato de nem todas as obras prometidas terem sido entregues pelo governo Dilma.
O Instituto Teotônio Vilela, órgão de formação doutrinária do PSDB, publicou na terça um artigo que aborda o tema Copa: “O sucesso ocasional visto em vários aspectos da Copa só ressalta a constatação de que o País pode ir muito mais longe. Se fez bem durante 30 dias para não fazer feio para o mundo, por que não faz sempre assim para fazer bonito para os brasileiros?”
Resposta. O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, rebateu as declarações de Aécio sobre a “apropriação” da Copa. Em entrevista no Rio, Carvalho afirmou que considera “totalmente desprezível esse tipo de fala, própria de quem precisa arrumar uma linha por dia para aparecer na imprensa”.
Em seguida, Carvalho ironizou o tucano. “É natural. Eu compreendo a situação dele. É uma situação difícil. Ele está vendo que aquilo que eles apostaram que não daria certo deu certo. Então, começa a ter certa criatividade, a fazer frases de efeito.”. De acordo com o ministro, o que a presidente Dilma fez foi “apoiar a seleção no momento em que ela estava bem e, agora, da mesma forma que fez ontem, manifestar a sua solidariedade”.
“No sábado eu vou ao Mané Garrincha (estádio de Brasília) apoiar a nossa seleção. Não é porque houve esse desastre que os meninos perderam a sua qualidade e seu amor pelo País. Não se trata disso. Eu não vejo, sinceramente, sentido nenhum (na declaração de Aécio), nem merece resposta esse tipo de afirmação”, disse Carvalho.
Carvalho sustentou que o governo federal sempre defendeu, desde o início do Mundial, que “não fazia sentido fazer uma vinculação entre Copa e eleições”. “Qualquer estudo da história do Brasil mostra que essa relação, essa tese, não se sustenta. Eu vi Copa em que o Brasil ganhou e a oposição venceu, em que o Brasil perdeu e a situação ganhou. É bobagem.”
De acordo com o ministro, o governo “quebraria a cara” se tentasse tirar proveito eleitoral da Copa, “da mesma forma que vai se dar mal quem acha que, agora, por conta de uma derrota, isso muda a eleição”.
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