- Folha de S. Paulo
Final de Copa do Mundo é como um segundo turno de eleições presidenciais. Quem já apoiava um dos dois finalistas costuma (não obrigatoriamente) seguir em frente. E quem torcia por um terceiro time, ou um terceiro candidato, fica observando, refletindo, até decidir se vai lavar as mãos e votar branco/nulo ou optar pelo "menos pior" do seu ponto de vista.
O que será menos pior no domingão do Maracanã para nós, torcedores brasileiros: uma vitória da Alemanha, que liquidou a seleção do Felipão e o hexa, ou da Argentina, nosso adversário direto e visceral?
Seria uma típica "escolha de Sofia" às avessas, não fosse um fato inquestionável: a Alemanha já é de fato, e tem tudo para ser também de direito, a grande campeã da Copa.
É doído ter de torcer pelo time que massacrou o Brasil a céu aberto, ao vivo e em cores para bilhões de pessoas mundo afora. Mas é uma questão de justiça. Campeões não são só os que fazem mais gols --e nós vimos como a Alemanha sabe fazer gols!--, mas também os que se comportam como ídolos: dão exemplo, trabalham duro, têm disciplina, cultivam o espírito de equipe e, de quebra, demonstram humildade e simpatia com o anfitrião. Esses são os alemães nesta Copa 2014 no Brasil.
Não vai aí, porém, nenhuma patriotada ridícula, uma pinimba rasteira contra nossos "hermanos", que têm o papa Francisco, o Maradona e o Messi, mas, coitados, afundam junto com a inacreditável Cristina Kirchner. Quantos de nós amamos Buenos Aires? Quantos de nós temos bons amigos argentinos? E, afinal, quantos de nós adoraríamos trazer a taça para a América do Sul?
Trata-se, pois, de uma torcida desapaixonada e diferente do cálculo político dos comitês dos candidatos. Dilma entra na onda de empurrar a tragédia para o colo da CBF, tendo pesadelos com vaias e acendendo velas para a vitória da Alemanha. Logo, Aécio e Campos devem estar torcendo pela Argentina...
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