• Presidente é alvo de protesto em casamento em São Paulo; no dia seguinte usa rede social para homenagear Dia das Mães
Ricardo Chapola, Sonia Racy e Isadora Peron - O Estado de S. Paulo
As redes sociais e os eventos fechados – tanto de sua agenda privada quanto de sua agenda pública – têm se tornado uma rotina para a presidente Dilma Rousseff, assim como os panelaços. No fim de semana que passou, a titular do Palácio do Planalto teve de lidar com tudo um pouco: publicando “post” na internet, participando de evento fechado e ouvindo panelaço.
No domingo, a presidente usou novamente as redes sociais para fazer uma homenagem ao Dia das Mães. No Twitter, colocou uma foto antiga, em que aparece criança no colo da mãe. “Neste domingo especial, com sabor de infância e amor maternal, homenageio minha mãe, Dilma Jane. Obrigada por tudo”, postou.
Desde 8 de março, quando foi alvo de panelaço em diversos Estados enquanto fazia um pronunciamento na TV no Dia Internacional da Mulher, a presidente tem evitado chamar a rede nacional. Cancelou sua fala no Primeiro de Maio e, ontem, preferiu ficar só na internet – não que seja usual, mas a petista já usou a rede nacional de TV para falar no Dia das Mães, como em 2012. Na época, ela aproveitou a data para lançar o programa Brasil Carinhoso, que prometia tirar da miséria absoluta todas as famílias brasileiras com crianças de até seis anos de idade.
Barulho. O sábado foi o dia do panelaço, desta vez em proporções bem menores. Um grupo de 30 pessoas protestou contra Dilma na porta do casamento do cardiologista Roberto Kalil Filho, do qual a presidente foi madrinha. O evento ocorreu em São Paulo, no Itaim-Bibi, nobre região da zona sul.
Kalil é médico de vários políticos, como Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também foi padrinho, assim como o senador tucano José Serra.
Também marcaram presença na festa o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o governador Geraldo Alckmin (PSDB), os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Aloizio Mercadante (Casa Civil); o prefeito Fernando Haddad (PT); além de secretários e artistas.
Lá dentro, sem ouvir as panelas, Dilma se sentou ao lado de Lula numa mesa que também tinha Alckmin, Cunha e Renan.
Lá fora, os manifestantes tentavam fazer barulho. Além das panelas, empunharam cartazes, entoaram gritos de “Fora PT” e pediram o impeachment.
Espontâneo. A maioria admitiu pertencer a movimentos anti-Dilma como Acorda Brasil, Brasil Livre e Vem Pra Rua, mas negou que o ato tivesse sido convocado pelos grupos. Eles garantiram que as 30 pessoas presentes no protesto compareceram de forma espontânea ao saber, pela imprensa e pelas redes sociais, que Dilma estaria na festa.
As manifestações começaram por volta das 21 horas, quando Dilma chegou ao local da cerimônia – o início do casamento estava previsto para as 20h30. Pessoas começaram a se aglomerar em volta da estrutura de segurança montada na rua, sem demonstrar que estavam lá para protestar. Assim que Dilma chegou, o grupo começou a bater as panelas. O barulho chamou a atenção de moradores da vizinhança, que se juntaram ao panelaço, acompanhado de gritos hostis a Dilma. “Essa terrorista apoia o governo (Nicolás) Maduro (presidente da Venezuela). Fora PT, fora Dilma!”, gritava a hoteleira Celene Salomão de Carvalho, de 49 anos, ligada ao grupo Brasil Livre.
Outros políticos – nem todos ligados ao PT – também foram alvo de protestos. Quando avistaram o carro de Serra, alguns manifestantes cercaram o veículo e hostilizaram o tucano. Um deles foi o cartorário Adriano Cantele, de 33 anos. “Fala com o povo e deixe de ser covarde”, gritou o rapaz ao perceber que Serra não abaixou o vidro do carro para falar com a imprensa. Cantele disse que estava em uma balada próxima quando soube que Dilma, Lula e outros políticos estariam em uma festa na região.
Renan foi um dos poucos políticos que não foram hostilizados. Manifestantes que cercaram o carro do peemedebista pediram “agilidade” no impeachment de Dilma. Na chegada de José Eduardo Cardozo, o grupo, que permaneceu em frente ao local da cerimônia, gritou “Fora PT!”.
O secretário municipal de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi chamado de “ladrão” ao chegar a pé para o casamento do médico.
Um convidado perguntou à equipe da Presidência sobre a quantidade de manifestantes do lado de fora da festa. “Só tem quatro”, foi a resposta. A presidente deixou o local da festa às 22h45.
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