- Folha de S. Paulo
Para quem sonhou em acabar ou pelo menos reduzir ao máximo o velho jogo do fisiologismo político no primeiro mandato, ser obrigada a se entregar a ele no início do segundo deve ser muito frustrante para Dilma Rousseff.
Mas foi este o preço e o caminho necessário, o do "toma lá, dá cá", para a petista, sob comando do novo articulador político Michel Temer, conseguir sua primeira vitória na votação do essencial ajuste fiscal.
O pior, para a presidente, é que a conta vai sair mais cara caso queira continuar ganhando as próximas votações. Afinal, na semana passada, Temer só venceu a primeira batalha porque buscou e conquistou o apoio de 19 deputados da oposição. Sem eles, teria saído derrotado.
Faltaram votos governistas no balaio de Dilma, de gente ainda não saciada em seu apetite por cargos, que vai cobrar sua fatia nesta semana, quando entra em pauta a segunda medida do ajuste --a que restringe benefícios previdenciários.
A ordem na equipe de Temer é atender a todos. Cerca de 200 cargos --50 federais e 150 estaduais--estarão sendo distribuídos nos próximos dias, num ritmo nunca visto na história do governo Dilma.
Entre eles, de 15 a 20 de diretorias de agências reguladoras. Postos que a presidente Dilma, em seus momentos de força e popularidade alta, fazia jogo duro para negociar com aliados. Preferia deixá-los vagos a entregá-los a políticos.
Só que a fragilidade atual da petista reduziu seu poder de barrar pedidos que, antes, dizia não aceitar nem sobre seu cadáver. Postura sempre criticada, com certa razão, pelos aliados. Afinal, num governo de coalizão, eles têm direito de ocupar espaços na administração.
O problema é que a turma do fisiologismo político tem um apetite insaciável por cargos e alguns os utilizam para fins nada republicanos. Aí está o escândalo da Petrobras como o pior dos exemplos, alertando que tudo tem limites.
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