• Entre os petistas, nove deputados se ausentaram da votação do ajuste fiscal e um votou contra; no opositor, oito foram favoráveis à medida
Isabel Braga, Simone Iglesias, Patrícia Cagni e Mayara Mendes – O Globo
Polêmico e impopular, especialmente entre as bases sindicais, o ajuste fiscal deixou PT e DEM, há doze anos adversários figadais, em posição semelhante. Os dois tiveram de lidar com forte dissidência em suas bancadas. Da bancada petista de 64 deputados, nove se ausentaram da votação da MP 665, e um votou contra. Dos 22 deputados do DEM, oito votaram a favor da medida.
Cinco petistas decidiram se ausentar do plenário por não concordarem com o mérito da medida: Luizianne Lins (CE), Marcon (RS), Padre João (MG), Pedro Uczai (SC) e Professora Marcivania (AP). Eles resistiram ao fechamento de questão na bancada e, votos vencidos, resolveram reagir politicamente. Os deputados Erika Kokay (DF) e Zé Carlos (MA) também estavam na Câmara e optaram por não ajudar o governo. Apenas Assis do Couto (PR) e Ságuas Moraes (MT) não estavam em Brasília por motivos de saúde.
- Temos uma discordância de mérito com a MP, não tínhamos condições de votar o que estava sendo proposto. Também não queríamos votar contra o governo e com os nossos inimigos, então, nos retiramos - disse Luizianne.
O deputado Welinton Prado (PT-MG) votou contra o governo, mas o partido não deverá puni-lo.
- Mantive a coerência com tudo que sempre defendi. Acho que não é certo você fazer um ajuste só para o trabalhador. Porque os bancos estão de fora se são os que mais lucram? - questionou.
Já no DEM, o líder na Câmara, Mendonça Filho (PE), classificou a atitude dos dissidentes como opção de cunho "técnico e ideológico". Integrantes do partido, no entanto, reconhecem que a votação foi reforçada pelas negociações entre o vice-presidente Michel Temer com o prefeito de Salvador e uma das principais lideranças do partido, ACM Neto, para enviar recursos federais à capital baiana.
O deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) - um dos que votou a favor do ajuste - disse que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, mostrou a importância do ajuste.
- Se nós olharmos o que tem escrito sobre o que o partido pensa, pode ter certeza que tem muito mais a ver com o que pensa o Joaquim Levy do que o contrário. Preferi ficar com o placar, com o Brasil, do que ficar apenas pisando em uma presidente que do fundo do poço não sai mais - justificou.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), defendeu que o partido peça desculpas à sociedade pela traição. "Foi deprimente ver o partido agir assim. Cabe a nós pedirmos desculpas por essa traição ao sentimento da população brasileira", disse em nota.
O presidente do DEM, Agripino Maia disse que o partido não voltará a apoiar o governo.
- Eu fui surpreendido com os votos. Como não tinha um fechamento de questão, vencida essa etapa, nada mais será votado sem a decisão da bancada, com a anuência do partido. Eu não concordo com esse posicionamento.
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