O escândalo do petrolão se desdobra em várias frentes. Há a jurídica, assentada em investigações da PF na Lava-Jato, com prisões, e existem, ainda, os acordos de delação premiada, seguidos de acusações elaboradas pelo Ministério Público ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, na primeira instância, e aquelas a serem encaminhadas pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo e ao Superior Tribunal de Justiça contra autoridades com foro privilegiado — deputados, senadores e governadores.
Ao mesmo tempo, transcorre o capítulo político do petrolão, numa CPI na Câmara, onde, ao contrário das duas anteriores, ainda no final do primeiro governo Dilma, o PT não consegue apoio de aliados para transformar a comissão em laboriosa pizzaria.
Já no lado empresarial, a divulgação, enfim, do balanço da Petrobras referente a 2014, devidamente auditado, parece ter apaziguado esta frente da crise. O mercado o recebeu bem, e as ações da estatal começaram a recuperar valor. Os números, porém, comprovam que o assalto praticado pelo aparelho lulopetista encravado na companhia foi de dimensões verdadeiramente escandalosas. E não apenas pelos R$ 6,2 bilhões contabilizados no balanço como perdas patrimoniais em função do superfaturamento de contratos firmados entre a companhia e o "clube de empreiteiras", fonte da dinheirama que irrigou bolsos de altos funcionários e campanhas no PT, PMDB, PP e políticos diretamente. É muito dinheiro, algo, numa conta simples, como US$ 2 bilhões, capazes de criar problemas mesmo na Exxon americana.
Mas a reavaliação para baixo de ativos ("impairment") também foi feita em função de problemas na execução de projetos. Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa informou que outros R$ 44,6 bilhões de "impairments" se deveram, em parte, à postergação dos projetos do Comperj (polo petroquímico em Itaboraí, RJ) e da Refinaria Abreu e Lima (PE), causados, entre diversos motivos, por "problemas na cadeia de fornecedores oriundos das investigações da Operação Lava-Jato". Ora, pois.
Como o Comperj e a Abreu e Lima foram usados a fim de, pelo superfaturamento e gastos desnecessários, desviar dinheiro para o esquema político lulopetista, na realidade as perdas da empresa com a corrupção superaram os R$ 6,2 bilhões contabilizados como tais. Uma parcela, portanto, dos R$ 44,6 bilhões também deve ser relacionada ao assalto à empresa. E não será pequena. Recorde-se que Graça Foster, à frente da estatal, caiu em definitiva desgraça junto à amiga Dilma quando divulgou uma estimativa de R$ 88 bilhões para a desvalorização de ativos.
Seja qual for a cifra real, deve haver nela efeitos da evidente má gestão da diretoria presidida pelo lulopetista José Sérgio Gabrielli. A dificuldade está em separar má gestão de corrupção, porque se tratam de irmãs siamesas. Sem má gestão, não há roubalheira.
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