- Folha de S. Paulo
O cancelamento da ida ao Monumento dos Pracinhas, no Rio, é mais um sintoma do mal que abate a presidente Dilma Rousseff: a síndrome do pânico da vaia.
Dilma viajaria nesta sexta para participar da comemoração dos 70 anos do fim da Segunda Guerra no front europeu. Desistiu há dois dias, com medo de novos protestos.
Apesar do forte esquema de isolamento planejado pelo Exército, assessores alegaram que a presidente enfrentaria uma plateia hostil no Rio. Soou como tentativa de jogar a culpa pela impopularidade da chefe no colo dos nonagenários da FEB.
Para que Dilma não passasse o vexame de ignorar a data histórica, o governo improvisou uma cerimônia no Planalto. Serão convidados militares da ativa, que terão que aplaudi-la, e um ou outro ex-combatente. O povo e as panelas ficarão de fora.
A nova operação antivaia só evidencia a fragilidade da presidente. Apesar do esforço para dizer que o pior da crise passou, sua equipe continua a fazer o possível para evitar qualquer contato com as ruas.
Foi por isso que Dilma cancelou o pronunciamento do Dia do Trabalho, escapou do programa do PT e cortou as aparições públicas. Ela não faz uma viagem oficial há dez dias.
A estratégia de manter a presidente reclusa não elimina todos os constrangimentos. Na quarta, horas depois do último panelaço, ela tentava aparentar normalidade em um ato com agricultores no palácio.
Em determinado momento, o locutor anunciou a assinatura de um termo técnico do Programa Nacional de Controle de Moscas das Frutas. Quem prestava atenção em Dilma notou suas expressões de enfado.
Ao fim da solenidade, a presidente deu uma curta entrevista. Os repórteres pediram uma palavra sobre sua derrota mais recente no Congresso, a aprovação da PEC da Bengala. "Eu não estou escutando, eu estou encerrando. Um beijo para todas vocês", respondeu Dilma, antes de virar as costas em direção ao gabinete.
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