• Ex-petista participou, estrategicamente colocada ao lado do governador tucano, de reunião da bancada paulista com o governo estadual, para discutir projetos em tramitação no Congresso que de interesse do estado
Leonardo Fuhrmann – Brasil Econômico
Em sua primeira visita ao Palácio dos Bandeirantes desde que deixou oficialmente o PT, a senadora paulista Marta Suplicy teve um lugar de destaque na reunião da bancada paulista com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) na manhã de ontem. Na mesa principal, Marta sentou-se entre o governador e o vice, Márcio França, presidente estadual do PSB, partido mais cotado para recebê-la. A foto onde os três aparecem lado a lado foi divulgada pelo vice-governador nas redes sociais. Como os senadores Aloysio Nunes Ferreira e José Serra — ambos tucanos, assim como o governador Alckmin — não compareceram ao encontro, Marta foi a única representante de seu estado no Senado a participar da conversa. Na mesa com os três, estavam também secretários da administração paulista, entre eles, o chefe da Casa Civil, Edson Aparecido, apontado como um dos interlocutores da negociação para levar a ex-petista para o PSB.
Aparecido tem contato com o atual marido de Marta, o empresário e ex-presidente do Jockey Club local Márcio Toledo, desde os anos 1970, quando ambos eram militantes de esquerda. O encontro é praxe não só em São Paulo e serve para que o governador exponha quais são os projetos em tramitação no Congresso que afetam diretamente sua gestão e considera de interesse dos paulistas. Geralmente, participam da exposição não só parlamentares de partidos aliados do governador, mas também opositores. Ontem, por exemplo, havia parlamentares do PT e do PCdoB, mas, obviamente, nenhum deles teve um assento de tanto destaque quanto a senadora. Marta Suplicy deixou o PT na semana passada. Um dos motivos da mudança de ares foi o seu desejo de voltar a disputar a Prefeitura de São Paulo, cidade que administrou no início da década passada pelo antigo partido.
Como já tem 70 anos e considerava que vinha perdendo espaço dentro do PT — ela foi preterida nas disputas municipal de 2012 e estadual de 2014 — Marta decidiu ir para um partido no qual poderá concorrer contra o prefeito Fernando Haddad (PT), candidato à reeleição, no ano que vem. Ela reafirmou ontem que o seu destino ainda não está confirmado, mas admite que as negociações como PSB estão mais avançadas do que com os demais concorrentes. Aliado fiel dos tucanos em São Paulo, o PSB conta com a senadora para entrar na disputa pelo comando da principal cidade do país. A expectativa é de uma disputa acirrada, pois além de Haddad e de um candidato do partido do governador Alckmin, o deputado Celso Russomanno também deve concorrer novamente ao cargo. Ele terminou a disputa em 2012 na terceira colocação, depois de liderar as pesquisas de intenção de votos durante boa parte do período eleitoral, e foi o deputado federal mais votado na eleição do ano passado.
Com a proximidade ao Palácio dos Bandeirantes, é esperado um acordo de apoio mútuo entre Marta e os tucanos para que um apoie o outro em caso de disputa em um possível segundo turno. Segundo políticos presentes ao encontro, Marta mostrou desenvoltura em sua nova posição política, de oposição ao governo da presidenta Dilma Rousseff (PT). A senadora já vinha fazendo duras críticas ao governo petista, do qual foi ministra até o final do ano passado. Ela defendeu que os parlamentares paulistas formem uma frente para pressionar o ministro da Saúde, Arthur Chioro, para que ele aumente o teto financeiro da tabela do SUS (Sistema Único de Saúde) para São Paulo. A senadora demonstrou "sintonia" com o governador nos temas propostos por ele para o encontro de ontem: rejeição a mudanças no ICMS que possam afetar a arrecadação; renegociação imediata das dívidas de estados e municípios, alteração no Estatuto da Criança e do Adolescente para elevar punições para adolescentes infratores.
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