- Folha de S. Paulo
A CPI da Petrobras completou nesta terça dois meses de existência. Se terminasse hoje, só seria lembrada por uma cena de pastelão. Ela ocorreu quando um assessor abriu uma caixa cheia de ratos, que saíram correndo por entre as pernas dos deputados.
O depoimento do delator Paulo Roberto Costa deu uma segunda chance à comissão. Ele surpreendeu quem esperava outra fala insossa e repetiu diante das câmeras, com transmissão ao vivo, os principais pontos do que narrou à Justiça.
O ex-diretor da Petrobras disse ter intermediado um repasse de R$ 2 milhões à campanha de Dilma Rousseff em 2010. Também citou ao menos 30 políticos que, segundo ele, receberam dinheiro do petrolão.
Costa chegou a provocar risos ao ser questionado sobre suas conexões em Brasília. Instado a listar os políticos com quem teve "relacionamento impróprio", respondeu: "São tantos que me fogem os nomes". Mais tarde, recobrou a memória e confirmou as delações que embasaram os inquéritos da Lava Jato.
A lista inclui o senador Renan Calheiros, os ex-ministros Paulo Bernardo e Edison Lobão, o governador Luiz Fernando Pezão e os ex-governadores Sérgio Cabral e Roseana Sarney. Ele ainda reafirmou as acusações a dois oposicionistas já falecidos, o ex-senador Sérgio Guerra e o ex-governador Eduardo Campos.
A fala do delator expôs o descompasso entre a lentidão da CPI e as investigações da PF e do Ministério Público. Em 60 dias, a comissão fez muita espuma, mas não avançou um milímetro para apurar o envolvimento de políticos no petrolão. Não convocou nenhum deputado, nenhum senador, nenhum ministro e nenhum governador. O único depoente ilustre foi Eduardo Cunha, que marcou a própria aparição e saiu incólume, protegido por aliados.
Se não aproveitar o depoimento de Costa para mudar o rumo de seus trabalhos, a CPI terminará como começou: desacreditada.
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