• MP Eleitoral já deu aval e PL deve ser fundado até julho; objetivo da legenda é apoiar o governo Dilma
Simone Iglesias – O Globo
BRASÍLIA- A lei que dificultou o surgimento de novos partidos e as fusões não intimidou o ministro Gilberto Kassab (Cidades), que continua trabalhando firmemente na criação do Partido Liberal (PL) para entregar à presidente Dilma Rousseff uma nova legenda governista. Em fase adiantada, de acordo com os organizadores da legenda, falta apenas os cartórios eleitorais validarem cerca de 100 mil assinaturas, das mais de 500 mil necessárias para fundar uma nova legenda. A previsão, segundo eles, é que isso ocorra até o dia 15 deste mês, e o PL esteja formalmente criado até julho.
Na semana passada, o Ministério Público Eleitoral deu parecer favorável ao início do processo de registro do PL. Alertado pelo Palácio do Planalto, Kassab instruiu Cleovan Siqueira, que responde oficialmente pela nova legenda, a apresentar a documentação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um dia antes da votação de projeto no Senado que passou a impedir fusão de partidos com menos de cinco anos. A lei tem o objetivo de atingir em cheio a fundação do PL e sua imediata fusão ao PSD.
Aliados de Kassab disseram ao GLOBO que se a Justiça entender que a nova lei se aplica de imediato, e o PL não conseguir se fundir ao PSD, os dois “caminharão lado a lado”. Ou seja: quando for fundado, o PL abrigará parlamentares e políticos interessados em mudar de partido, e esses contarão, para isso, com apoio permanente do PSD. Como a nova lei estabelece um prazo de cinco anos para que a fusão possa ocorrer, caso a Justiça a valide, a intenção de Kassab é aguardar o fim deste período para fundir as duas legendas.
Sem infidelidade partidária
— Nossa intenção é abrigar no PL todos aqueles que pensaram em ir para o PSD, quando foi fundado, mas ficaram inseguros, com medo de que o partido não desse certo. Há gente de todos os partidos com interesse, mas vai prevalecer para a filiação os acordos regionais, de forma que não se sobreponham lideranças novas às que já estão no PSD — explicou um dirigente que participa da criação do novo partido.
Essa estratégia é necessária porque só novos partidos permitem que o político deixe sua legenda sem estar sujeito à perda do mandato por infidelidade partidária.
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