• Acanhada na internet em 2015, presidente desfilava fantasias no discurso do ano passado
- Folha de S. Paulo
A presidente acanhou-se na internet para falar do Primeiro de Maio deste ano. Em 2014, exibiu-se em rede nacional de TV. Dilma Rousseff felicitava-se pelos seus feitos e prometia a reprise das maravilhas. Era o início da campanha eleitoral.
O grosso do discurso já era então fantasia. O que parece agora? O leitor, que é perspicaz, pode tirar conclusões ao comparar o que dizia a presidente com o Brasil de 2015.
"Meu governo também será sempre o governo do crescimento com estabilidade, do controle rigoroso da inflação e da administração correta das contas públicas."
O resultado das contas públicas em 2014 foi o pior desde 1997. A economia encolhe. A inflação passou de 6,4% em maio de 2014 para 8,1% em março de 2015 (IPCA mais recente). Quanto à administração das contas públicas, o governo Dilma 1 é acusado de crime contra a lei fiscal pelo Tribunal de Contas da União.
"Quero garantir a você, trabalhadora, e a você, trabalhador, que nossa luta pelas mudanças continua, nada vai nos imobilizar. A tarifa de luz, por exemplo, teve a maior redução da história. A seca baixou o nível dos reservatórios e tivemos de acionar as termoelétricas, o que aumentou muito as despesas. Imaginem se nós não tivéssemos baixado as tarifas de energia em 2013."
A energia elétrica deve ficar uns 40% mais cara em 2015, segundo estimativas de órgãos públicos, mais que desfazendo a baixa de preço de 2013. A seca foi um problema, mas seu efeito daninho foi multiplicado pela política de Dilma 1.
"Acabo de assinar uma medida provisória corrigindo a tabela do Imposto de Renda, como estamos fazendo nos últimos anos, para favorecer aqueles que vivem da renda do seu trabalho. Isso vai significar um importante ganho salarial indireto e mais dinheiro no bolso do trabalhador."
Como o reajuste foi menor que a inflação, tal como nos últimos anos, o Imposto de Renda na verdade aumentou de novo. É melhor aumentar o IR do que tantos impostos dementes. Mas o anúncio era propaganda enganosa.
"A Petrobras é a maior e mais bem-sucedida empresa brasileira. É um símbolo de luta e afirmação do nosso país. É um dos mais importantes patrimônios do nosso povo... Não vou ouvir calada a campanha negativa dos que, para tirar proveito político, não hesitam em ferir a imagem dessa empresa que o trabalhador brasileiro construiu com tanta luta, suor e lágrimas."
Investimentos ruins, mal administrados, mal planejados e megalômanos, além de corrupção, fizeram a Petrobras perder cerca de R$ 40 bilhões e pagar menos impostos, o que prejudicou o patrimônio do povo. A empresa perdeu crédito, valor e terá de encolher, pois hiperendividada devido às políticas de Dilma 1.
"Anuncio ainda que assumo o compromisso de continuar a política de valorização do salário mínimo..."
Reeleita, a presidente reafirmou a promessa, que talvez se transforme em norma formal ainda neste ano. Talvez. Muito governo terá dificuldade de bancar até o reajuste do mínimo pela inflação, que tem sido superior ao crescimento da receita de cidades, Estados e governo federal. O reajuste real em tese será nenhum até 2017, pois o aumento depende do crescimento da economia, que será nenhum.
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