• Ex-presidente divide com Dilma e PT o posto de principal alvo dos manifestantes; boneco gigante marcou ato na capital federal
Pedro Venceslau, Valmar Hupsel Filho, Roberta Pennafort, Vinícius Neder e Danielle Villela – O Estado de S. Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos principais alvos de protestos neste domingo no País. Em Brasília, um enorme boneco inflável dele vestido com uniforme de presidiário foi levado até a Esplanada dos Ministérios. Nas demais capitais e em cidades do interior, faixas e cartazes responsabilizavam Lula pela crise e o associavam ao esquema de corrupção da Petrobrás, investigado pela Operação Lava Jato.
Na avenida Paulista, epicentro dos protestos em São Paulo, as palavras de ordem contra Lula foram muitas. Muitos participantes levantaram cartazes e faixas com imagens dele vestido de presidiário e entoaram palavras de ordem acusando o ex-presidente de ser “chefe de quadrilha”, “bandido” e “corrupto”. O ex-presidente Lula, conforme já afirmou o Ministério Público, não é um dos investigados pela Lava Jato.
No carro de som da Aliança dos Grupos Democráticos, organização que reúne diversos grupos anti-Dilma, Lula foi chamado de “ladrão” por diversos oradores, que entoaram o mote: “O povo anseia, Lula na cadeia”. “A indignação com o ex-presidente está cada vez mais forte. O nome dele foi citado em quase todos os discursos”, diz Carla Zambelli, porta-voz da Aliança. “Nós defendemos que o Lula vá para a cadeia”, completou Marcelo Reis, líder do Revoltados On Line.
Como contraponto, também em São Paulo, um grupo de militantes petistas e sindicalistas promoveu uma “vigília” em defesa de Lula em frente ao instituto que tem o nome dele, no bairro do Ipiranga, zona sul.
Em Brasília, o boneco “Lula Inflado” teve perfis criados no Twitter e no Facebook e virou “meme” na internet, com diversas fotomontagens humorísticas. Entre elas, uma na qual aparece ao lado dos “bebês-mamíferos” da Parmalat e outra entre princesas da Disney. No perfil do Twitter, “Lula Inflado” está em uma foto com o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
Rio. No Rio, o “Fora Lula” foi tão ouvido quanto o “Fora Dilma” na manifestação na orla da Praia de Copacabana, na zona sul da cidade. O nome e a foto do ex-presidente apareceram em muitos cartazes, e seu governo foi tachado de “corrupto”, “comunista” e “inimigo do Brasil”, e acusado de ter levado o Brasil “ao buraco”.
“A gente tem que colocar tudo no mesmo bolo. Dilma é menos qualificada que o Lula em termos de palanque, de discurso, e as pessoas ainda ficam com peninha do Lula. Mas é tudo a mesma coisa. Ela deu continuação ao que o Lula começou”, afirmou Dênis Abreu, do Cariocas Direitos, referindo-se às denúncias de corrupção. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o prefeito da capital, Eduardo Paes, ambos do PMDB, também foram criticados, por serem aliados da presidente Dilma Rousseff.
Um funcionário público natural de Fortaleza simpático a Lula e a Dilma foi agredido por manifestantes e precisou de escolta policial para não se proteger. Ele vestia uma camiseta vermelha e gritou “Lula 2018”, no meio do ato. O homem, que não quis se identificar, foi xingado de “ladrão” e levou tapas dos mais exaltados, que o seguiram até a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, onde PMs o colocaram em um táxi.
“Eu tenho direito de falar o que quiser: sou favorável à Dilma e ao Lula. Você acha que a elite branca que está aqui vai aceitar isso?”, disse. Um grupo de cerca de 20 pessoas deixou a manifestação e, apesar do cerco policial, continuou a xingá-lo pelas ruas.
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