• Governo avalia que presidente ganhou mais tempo para tentar estancar a crise econômica e política
• Para assessores, o risco é de que revelações da Lava Jato sobre petistas possam dar mais gás a ataques contra o PT
Valdo Cruz, Marina Dias, Mariana Haubert – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Ao final de mais um dia de protestos pelo país, o Palácio do Planalto respirou aliviado porque as manifestações deste domingo (16) não repetiram as concentrações observadas em março.
Mas preocupa o governo o fato de a mobilização seguir forte e ter focado nas figuras da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT.
A avaliação interna do governo é que a petista ganhou mais tempo para tentar superar a crise política e econômica, depois de na semana passada já ter conseguido estancar as articulações da oposição no Congresso e em tribunais que podem desaguar na abertura de um processo de impeachment contra ela.
Em reunião na noite deste domingo (16) no Palácio da Alvorada, Dilma e sua equipe destacaram como positivo o fato de a oposição não ter conseguido ter grande visibilidade nos atos, mesmo tendo feito convocação expressa e ter participado dos atos.
Segundo um ministro, apesar de "todo o peso partidário que foi jogado, ficou tudo dentro da normalidade". O PSDB usou suas inserções comerciais no rádio e na TV para convocar pessoas para os atos deste domingo e alguns de seus principais líderes foram para as ruas.
Normalidade
A orientação da presidente à sua equipe, porém, foi de não dar entrevistas no final do dia e passar, por intermédio do ministro Edinho Silva (Comunicação Social), uma breve avaliação oficial dos atos: "O governo viu as manifestações dentro da normalidade democrática".
Em caráter reservado, ministros avaliaram negativamente o fato de, nesta terceira onda, as manifestações estarem muito concentradas na presidente, em Lula e no PT.
Para assessores, o risco é de que revelações da Operação Lava Jato sobre integrantes do PT envolvidos no petrolão possam dar mais gás a ataques diretos às principais lideranças petistas.
Além de Dilma e Edinho Silva, participaram da reunião no Palácio da Alvorada os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Jaques Wagner (Defesa) e Aloizio Mercadante (Casa Civil).
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (CE), disse que o resultado das manifestações "não significa que a insatisfação com o governo diminuiu".
Já o senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado, acredita que o foco do protesto no impeachment da presidente pode ter contribuído para evitar um crescimento expressivo no número de participantes.
"O povo brasileiro tem consciência, não entra no embalo de alguns", disse.
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