• Fórum de servidores planeja marcha em Brasília contra ajuste
Jessica Moura* Renata Mariz - O Globo
- BRASÍLIA E SÃO PAULO - Um dia depois de o governo anunciar medidas para contenção de gastos, os presidentes das duas maiores centrais sindicais do país — Central Única dos Trabalhadores ( CUT) e Força Sindical — criticaram duramente o pacote de ajuste fiscal. Em ato pela campanha salarial unificada de diversas categorias, realizado ontem na capital paulista em frente à sede da Federação das Indústrias de São Paulo ( Fiesp), Vagner Freitas, presidente da CUT, entidade alinhada ao governo, considerou “lamentável” o pacote de ajuste, que em sua visão vai penalizar ainda mais os trabalhadores.
— É um pacote recessivo, que imputa a culpa da crise aos trabalhadores e vai contra as propostas que a CUT tem apresentado — disse Freitas.
Em nota, Miguel Torres, presidente da Força Sindical, disse que o pacote transfere “de forma nefasta” aos trabalhadores o ônus dos erros da política econômica. “O governo fez uma opção errada de política econômica, e nós, trabalhadores, não estamos dispostos a pagar esta conta”, disse Torres. Para ele, a ideia de congelar os salários dos servidores federais é “absurda”.
Em comunicado divulgado ontem no site da CUT, Freitas disse ainda que as medidas estão “na contramão das necessidades do país e dos trabalhadores, pois onera a atividade econômica e reduz gastos sociais em um momento que a recessão atinge a todos”.
“Nenhuma das medidas aponta para a retomada do crescimento e geração de empregos, que são os problemas mais urgentes e graves que enfrentamos no país”, disse o presidente da CUT no site, informando que pedirá uma audiência à presidente Dilma Rousseff para apresentar “nossas propostas”.
Também em reação ao pacote do governo, servidores técnicos das universidades federais ocuparam por sete horas a Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação ( MEC). Só saíram após interferência de parlamentares petistas e a promessa de serem recebidos no Ministério do Planejamento.
A categoria reivindica um aumento de 9,5% nos salários no próximo ano e 5,5% para 2017. O MEC ofereceu um reajuste de 10,8% que seria pago em duas parcelas a partir de janeiro de 2016. Contudo, com o anúncio do pacote de medidas do ajuste fiscal anteontem, o reajuste só seria pago em agosto do ano que vem.
A greve atinge 63 universidades federais e tem a adesão de 180 mil trabalhadores, segundo o sindicato da categoria, a Fasubra. Para o coordenador- geral da entidade, Gibran Jordão, não há perspectiva para encerrar a greve.
Em nota, o Ministério da Educação afirmou que os servidores foram recebidos “normalmente” no ministério para debater a pauta de reivindicações da categoria. Segundo a pasta, quando os servidores disseram que iriam ocupar o terceiro andar, “imediatamente foram recebidos pelo secretário executivo”.
Para discutir medidas contra o pacote do governo, mais de 20 entidades sindicais, que compõem o Fórum dos Servidores Públicos Federais, se reuniram ontem em Brasília. As categorias planejam uma marcha sexta- feira, em São Paulo, onde pretendem reunir cerca de 20 mil pessoas, como um primeiro passo rumo a uma possível greve geral.
Segundo Paulo Rizzo, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, a proposta governista já não atendia aos anseios dos servidores públicos federais, que exigiam um reajuste mais próximo da inflação, de cerca de 10%, no ano que vem. No entanto, explicou, a promessa foi de 5,5% em 2016 e 5% em 2017. O pacote de medidas do governo adiou essa correção de janeiro para agosto.
Ontem, em entrevista ao canal oficial do governo, NBR, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se referiu ao adiamento do reajuste do funcionalismo. Ele disse que seria “natural distribuir um pouco esse esforço ( fiscal)”.
(* Estagiária sob supervisão de Francisco Leali)
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