- Folha de S. Paulo
"Bando de vagabundos! São vagabundos! Vocês são vagabundos! Vamos para o pau com vocês agora!". As frases foram gritadas pelo deputado acriano Sibá Machado, líder do PT na Câmara. Ele se dirigia a cerca de 30 militantes pró-impeachment que exibiam uma faixa contra Dilma Rousseff nas galerias do plenário, na noite de terça-feira.
O destempero, que contribuiu para a tensão de ontem no gramado em frente ao Congresso, não surpreende quem conhece o personagem. Sibá é o deputado que sugeriu que a CIA estava por trás das manifestações contra o governo. A fala o transformou em motivo de chacota, no momento em que o Planalto tentava dar uma resposta séria aos protestos de rua.
Valente para ameaçar manifestantes, o petista costuma se encolher diante de Eduardo Cunha. Em março, disse que não havia "nenhuma razão" para o peemedebista ser investigado na Lava Jato. Neste mês, após a divulgação das contas na Suíça, insistiu que não via "nada de contundente" contra o presidente da Câmara. Acrescentou que o eventual afastamento dele era uma "questão de foro íntimo". Como Cunha não quer sair, está tudo bem para Sibá.
Quando não diz bobagens, o petista parece estar no mundo da lua. Em setembro, ele sumiu de Brasília no momento em que Dilma começava a enfrentar a ameaça de impeachment. Foi descoberto em passeio oficial pelos Estados Unidos, para irritação de seus colegas de bancada.
A abulia de Sibá virou um constrangimento para o PT e a maioria dos 62 deputados da sigla. Os mais experientes chegaram a discutir sua destituição da liderança, por falta de condições para exercê-la. Optou-se por uma intervenção branca. O deputado passou a falar só o obrigatório, e os vice-líderes montaram um rodízio para substituí-lo na tribuna.
Esvaziado, Sibá agora preocupa menos porque se transformou num líder que não lidera. Por este ponto de vista, ele parece o homem certo para representar Dilma na Câmara.
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