- Folha de S. Paulo
A exoneração do general Antônio Mourão, que fez críticas públicas ao governo, produziu um raro consenso na crise. Políticos da oposição aplaudiram a decisão do ministro da Defesa, Aldo Rebelo, de afastar o oficial que falou demais.
Mourão chefiava o Comando Militar do Sul. Em palestra a oficiais da reserva, disse que a eventual queda da presidente da República significaria o "descarte da incompetência, má gestão e corrupção". Também pregou "o despertar para a luta patriótica", o que na visão dele restabeleceria "o orgulho de ser brasileiro". Depois que as declarações vieram a público, o oficial foi mandado para a geladeira. Passará a cumprir um cargo burocrático em Brasília, a supervisão das finanças dos quartéis.
A Constituição afirma que as Forças Armadas são "organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República". O Regulamento Disciplinar do Exército também é claro. Militares da ativa não podem se manifestar sobre "assuntos de natureza político-partidária". A regra existe para manter a ordem na caserna e evitar intromissões na política.
Para o senador Aloysio Nunes, do PSDB, o afastamento do general foi correto. "Fiquei chocado com as declarações dele. Não é esse comportamento que se espera das Forças Armadas de um país democrático." O presidente do PPS, deputado Roberto Freire, concorda. "Defendo o impeachment por via constitucional. Militar não pode se meter em política. Nem a favor nem contra", afirma.
Depois de FHC e Lula, Dilma foi a terceira opositora da ditadura a chegar à Presidência pelo voto. Os militares podem não gostar dela, mas devem respeitar sua autoridade. Quem não estiver de acordo pode pedir transferência para a reserva, onde encontrará os velhos generais do Clube Militar. Desde março, eles tentam matar as saudades de 1964 com uma curiosa "Campanha pela Moralização Nacional", que emite notas furibundas contra o governo.
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