• Seguidas denúncias pioram situação de Cunha no Conselho de Ética
Isabel Braga e Leticia Fernandes - O Globo
BRASÍLIA - Com seguidas denúncias envolvendo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líderes da oposição reforçam que a situação dele está cada vez mais frágil. Aliados do peemedebista também admitem que a posição de Cunha é delicada, mas acreditam que ainda há margem para negociação no Conselho de Ética.
Ontem, a edição do GLOBO revelou que o peemedebista tinha poder para operar as contas na Suíça, sem fazer saques, o que ele havia negado. A resposta da oposição foi enfática. Líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR) acredita que Cunha perdeu as condições de continuar na presidência da Câmara.
— (As novas informações) reforçam o processo no Conselho de Ética por falta de decoro e mostram que ele (Cunha) perdeu todas as condições de presidir a Câmara, porque tudo que se denuncia, ele vem com uma resposta, e a resposta é desmentida. Eduardo Cunha não tem mais condições de se manter no cargo — disse.
O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), cujo partido apoiou a eleição de Cunha em fevereiro, fez coro à avaliação negativa:
— É uma situação de desgaste extremo para o presidente e reforça uma situação cada vez mais insustentável.
Mudança de estratégia
Para os aliados do presidente da Câmara, a defesa que ele deverá apresentar na próxima semana ao Conselho de Ética vai balizar o comportamento dos deputados. Nas palavras de um parlamentar próximo a Cunha, se a defesa “trouxer conforto aos deputados para que possam defendê-lo”, ele terá chances reais de arquivar sumariamente o processo. Outro aliado acredita que se o PT ajudá-lo no Conselho poderá evitar a abertura do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O líder do PSC, André Moura (SE), afirma que é necessário garantir a Cunha o direito de defesa.
— Se é golpe tirar a presidente da República do cargo, da mesma forma o presidente da Câmara. A todos devemos garantir o direito de defesa. A defesa dele sequer foi protocolada no Supremo ou no Conselho de Ética — disse Moura.
Cunha resolveu desautorizar qualquer iniciativa para tentar regularizar de imediato a situação fiscal de sua mulher, Cláudia Cruz. Ela deixou de declarar à Receita recursos depositados em conta na Suíça, e que foram usados para pagar despesas pessoais e da família no exterior.
A estratégia sofreu questionamentos entre os defensores de Cunha. Surgiu a preocupação de que o gesto de pagar a multa resolvendo uma pendência fiscal poderia ser usado contra Cláudia Cruz na esfera penal. Ela é investigada junto com o marido no Supremo Tribunal Federal (STF) pela suspeita da prática de crimes de lavagem de dinheiro.
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