- O Globo
Ano será do governo do PT pela desagregação do PMDB. 2015 engoliu o mandato da Dilma e o reduziu a três anos, que começaram ontem. Serão 36 meses para o governo correr atrás do prejuízo. Será o governo do PT, não mais da inútil e ampla aliança que derrotou Dilma várias vezes no Congresso.
E o governo seguirá essa carreira solo, não por opção, mas pela desagregação do PMDB.
O novo governo, que renasce muito dos ventos que sopraram recentes decisões do STF, das perspectivas de mudanças e saída de Cunha, conta com os apoios da maioria do PDT e PR, da íntegra do PCdoB e da metade das bancadas rachadas do PP e PSB e parte do PMDB.
É bem verdade que o governo Dilma já conheceu o céu e o inferno. Chegou a romper a barreira dos 370 votos e foi retirada do chão pela última reforma, quando tinha cento e poucos votos de apoio.
Sonha agora com o purgatório de 280 votos. Está certo. Política, já se dizia, é a arte do possível.
Novo PMDB
A nota anterior não tem nada de exagero: começou realmente o governo solo do PT. E os outros partidos da base? Serão meramente coadjuvantes e donos de lascas de poder, sem a menor influência nos rumos do governo.
Até o PMDB já reconhece essa nova realidade, tanto que passou a chamar de “dissidentes” agora os que eram governistas em 2015.
‘Inutilezas’
Sabe aquelas conversas que não rendem mais? Pois foi assim os quase 30 minutos de lero-lero entre Dilma e Temer, às vésperas de Natal.
Não adianta, o Temer é mesmo aquele amante à moda de que nos fala o Rei, do tipo que ainda manda flores, escreve carta e ainda chama de querida a primeira namorada.
Poupado
Não se falou de Eduardo Cunha nessa conversa.
Puxando tapete
Depois de fazê-lo líder por alguns dias do PMDB, Eduardo Cunha quer descartar agora o nome de Leonardo Quintão como candidato natural para enfrentar o governista Leonardo Picciani na eleição de fevereiro.
E lançar o de Newton Cardoso, a pretexto de unir a bancada mineira.
Quintão está indignado com o seu criador.
Força-tarefa
Da sua parte, o governo coloca a reeleição de Picciani como prioridade absoluta.
Tanto que, já comprometido até os fios do cabelo com Renan Calheiros para barrar o impeachment da Dilma no Congresso, o governo aumentou seu débito com o presidente do Senado no projeto Picciani.
Já não opera nem mais no vermelho do cheque especial, mas no buraco negro dessa conta.
Delapidando
Mas, se for apenas pelo discurso novo do Renan, o de que “temos que qualificar nossas relações com o Executivo”, o governo não tem muito o que temer.
Só que a prática tem sido outra. Durante 12 anos de governo do PT, Renan “qualificou” — e muito — sua relação com o Executivo, mantendo na presidência da Transpetro o seu preposto Sérgio Machado.
Machado comandou a primeira década do programa que pretendia construir 49 petroleiros a um custo estimado em R$ 11 bilhões.
Leite derramado
Desabafo ouvido na sala presidencial:
Se desde o início do segundo mandato, Dilma tivesse optado pelo trio Cardozão-Wagner-Berzoini e não por Pepe Vargas-Rosseto-Mercadante, as coisas teriam sido bem diferentes.
Decisão errada
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, encerra 2015 como o “bola fora!” do ano, apesar do pouco tempo no cargo.
Pela nomeação do novo coordenador nacional da Saúde Mental, Valencius Wurch.
Wurch foi diretor da Casa de Saúde Dr. Eiras, maior manicômio privado da América Latina, fechado em 2014 por denúncias de maus tratos e violação dos Direitos Humanos.
Várias entidades ligadas à área de saúde mental e dos Direitos Humanos, e até mesmo parentes e vítimas de Wurch, já se manifestaram diretamente ao ministro, contrários a essa nomeação.
Wurch teria sido aluno de Castro na UFF.
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