• Apesar dessa avaliação, líderes partidários admitem conversar com Dilma
Maria Lima - O Globo
-BRASÍLIA- Líderes do PSDB, DEM, PPS e PSB se mostraram descrentes ontem e consideraram tardia a predisposição da presidente Dilma Rousseff de chamar a oposição para discutir saídas para a crise. Eles dizem que sempre se colocaram à disposição para discutir o assunto, mas Dilma e o PT preferiram a agressão e os ataques às ideias propostas. Os líderes acreditam que a proposta é um jogo de cena da presidente.
Apesar dessa avaliação, esses líderes admitem que poderão conversar com a presidente, desde que ela faça um meaculpa público e apresente uma pauta clara, que tenha consenso na base governista.
— Sempre nos colocamos abertos ao diálogo, apesar dos ataques constantes e das agressões incessantes. Desde que haja uma agenda clara, com propostas sinceras e um pedido de desculpas ao país, pelos equívocos cometidos, estaremos sempre abertos a ouvir. Resta saber se ainda há tempo para esse diálogo — reagiu o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).
— A oposição se coloca ao lado dos interesses do país. Antes de propor interlocução com a oposição, a presidente precisará exibir unidade do governo em torno da agenda que venha a propor. A partir daí, a oposição se posicionará — completou o presidente do DEM, senador José Agripino (RN).
Vice-presidente do PSB, Beto Albuquerque disse que Dilma não dialoga com ninguém, “só gosta de montar cena” para parecer que está ouvindo.
— Depende sobre o que dialogar. Qual a pauta? A agenda do governo ou da sociedade? E o governo está disposto a ouvir mais do que falar? Ou será jogo de cena, como já aconteceu em momentos de crise, em reuniões de mão única com governadores e prefeitos? Não há tradição da Dilma dialogar nem com sua base, imagine com a oposição. Hoje, nossas pautas estão opostas — criticou Albuquerque.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, também desconfia das reais intenções de Dilma.
— Diálogo é parte integrante da política democrática. Porém, é necessário que ele aconteça em torno de propostas objetivas, aceitáveis e viáveis para o país — diz Siqueira.
PT reage a iniciativa tucana
Já os petistas reagiram com ironia à representação feita pelo PSDB à Procuradoria Geral Eleitoral, na qual os tucanos pedem uma investigação sobre o suposto recebimento, pelo PT, de recursos de origem estrangeira. O PSDB também pede a extinção do partido, se comprovada a prática. A Constituição e a Lei dos Partidos vedam que partidos políticos recebam recursos de entidades ou governos estrangeiros. Caso comprovada a prática, após trânsito em julgado de decisão, é cancelado o registro civil e o estatuto do partido que tenha infringido a norma.
A representação tomou por base informações do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, delator da Lava-Jato. Segundo Cerveró, a campanha à reeleição do ex-presidente Lula , em 2006, recebeu R$ 50 milhões em propina da estatal angolana Sonangol,
provenientes de uma negociação para a compra de blocos de petróleo na África em 2005.
— É absolutamente uma medida com falta de seriedade. O Sampaio (Carlos Sampaio, líder do PSDB na Câmara), que viu naufragar a tentativa de impeachment em aliança que estabeleceu com Eduardo Cunha e, após inúmeras tentativas para não reconhecer o resultado final das eleições, tenta como cartada final o fim do PT — criticou o vice-líder do PT, deputado Paulo Pimenta (RS).
Para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), Sampaio tenta partir para a ofensiva e criar uma cortina de fumaça porque sabe que o PT cobrará do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a abertura de investigação conta os tucanos citados na delação.
— Querem criar uma cortina de fumaça para proteger o Aécio (Neves, presidente do PSDB), citado pela segunda vez nas delações. Sabem que vamos cobrar que Janot investigue isso também — disse Lindbergh. (Colaborou Isabel Braga)
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