• Ex-secretário estadual de Transportes se filia ao PSDB e vira principal nome do partido para a prefeitura
Marco Grillo - O Globo
O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, deixou a pasta e o PMDB, mirando candidatura a prefeito do Rio. O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, deixou a pasta na noite de ontem e anunciou que vai trocar o PMDB pelo PSDB, em um passo firme rumo à candidatura a prefeito, em outubro. Oficialmente, os tucanos afirmam que o nome do agora ex-secretário é somente um entre os que estão no páreo, mas, reservadamente, o anúncio da candidatura é tratado apenas como uma questão de tempo.
As negociações para a mudança de partido começaram no fim de 2015 e atingiram um novo patamar na semana passada, quando Osorio reuniu- se em Brasília com os senadores tucanos Aécio Neves (MG), presidente do partido, Tasso Jereissati ( CE) e Aloysio Nunes Ferreira ( SP). A decisão do ex- secretário, que já estava inclinado a mudar de legenda, foi acelerada pela revelação, feita pelo GLOBO, de que o prefeito do Rio, Eduardo Paes ( PMDB), enviou e-mail ao Comitê Olímpico Internacional afirmando que a Linha 4 do metrô poderia não ficar prontas a tempo das Olimpíadas. Aliados do ex- secretário consideraram o teor da mensagem e seu posterior vazamento ataques diretos a Osorio, responsável pelas obras de expansão do metrô.
Eleito deputado estadual em 2014, Osorio vai reassumir o cargo na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro ( Alerj). Ele será substituído na secretaria por Rodrigo Vieira, que já foi subsecretário da Casa Civil e ocupava a presidência da Suderj.
— Fui convidado a participar desse projeto. O partido já decidiu pela candidatura própria à prefeitura. Meu nome está à disposição, mas é um processo de construção. Dentro do partido, as lideranças vão definir o que é melhor — disse Osorio.
A cerimônia de filiação vai acontecer na quinta- feira, em Brasília, com a presença de deputados e senadores tucanos. Aécio, um dos grandes entusiastas da presença de Osorio no partido, deverá estar presente. O objetivo é dar uma dimensão nacional para o ato.
O ex-secretário anunciou a decisão após conversar, na tarde de ontem, com o governador Luiz Fernando Pezão ( PMDB). Hoje, Osorio vai se reunir com seu substituto para fazer a transição e, na terça- feira, vai reassumir o mandato na Alerj. Ao longo da semana, o presidente do PMDB no Rio, deputado Jorge Picciani, já havia manifestado que não criaria empecilhos para a saída de Osorio.
O presidente estadual do PSDB, deputado federal Otavio Leite, que participou das negociações, se disse “muito satisfeito” com o desfecho.
— É um excelente quadro. O partido passa a ter uma opção formidável ( para a eleição) — afirmou o deputado, ressaltando que a decisão do nome acontecerá após discussões internas.
A saída de Osorio, que passa a integrar um partido de oposição ao governo do qual fazia parte, acontece após um longo período de desgaste dentro do PMDB. A relação com Paes, que o levou para a política e o nomeou secretário municipal de Conservação no primeiro mandato, sofreu um abalo após Osorio trocar a prefeitura pelo governo do estado, no início de 2015. Pezão também já havia mostrado incômodo, inclusive publicamente. Em entrevista ao GLOBO no início do ano, o governador criticou o então secretário: “O Osorio, se abrir uma geladeira, ele acha que é flash e começa a falar”.
Por outro lado, Osorio já havia manifestado, a aliados, desconforto com a situação dentro do partido, por perceber pouco espaço e não participar do processo de escolha do nome do PMDB para a eleição municipal. Paes defende o nome do secretário municipal de Coordenação de Governo, Pedro Paulo. Após o surgimento de denúncias contra Pedro Paulo, acusado de ter agredido a ex- mulher, a possibilidade de um nome alternativo passou a ser cogitada internamente, mesmo com o prefeito sendo contra a mudança. O nome de Osorio, no entanto, enfrentou resistências internas, o que também impulsionou as conversas com o PSDB.
Osorio é o nome preferido da Executiva Nacional do PSDB e desponta com amplo favoritismo na disputa interna, mas os tucanos também trabalham com outros nomes, caso a aposta principal não se concretize. Otavio Leite, o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha e o economista Sérgio Besserman, presidente do Instituto Pereira Passos ( IPP), são outros nomes comentados. O economista Gustavo Franco, que presidiu o Banco Central no governo Fernando Henrique, também já foi citado internamente. (Colaboraram Fernanda Krakovics e Luiz Ernesto Magalhães)
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