• Doações a Haddad são só R$ 60 mil; Doria foi forçado a desfazer estrutura
Sérgio Roxo e Silvia Amorim - O Globo
Mesmo com o maior teto de gastos para a campanha eleitoral deste ano, PT e PSDB vêm enfrentando dificuldade de arrecadação para as campanhas em São Paulo. Os partidos estimam que conseguirão apenas R$ 20 milhões cada um, menos da metade dos R$ 45 milhões fixados como limite pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O PT só conseguiu R$ 60 mil até agora para a campanha à reeleição do prefeito Fernando Haddad. O empresário João Doria (PSDB), por sua vez, está apostando na rede de amigos na iniciativa privada para angariar fundos. A falta de dinheiro obrigou as duas candidaturas a mudarem o responsável pelo marketing às vésperas do início da campanha.
Os petistas davam como certa a contratação de Chico Mendez para coordenar a comunicação, mas não houve acordo. O partido, então, acertou, semana passada, com Angela Chaves, ex-secretária de Publicidade do governo do ex-presidente Lula.
Sem poder recorrer a doações de empresas, o PT quer buscar contribuições pela internet, inspirado na “vaquinha” promovida pela presidente afastada, Dilma Rousseff, que lhe permitiu arrecadar R$ 773 mil para pagar suas viagens pelo país. Haddad e seus aliados também têm feito pequenas reuniões com grupos de simpatizantes e, ao final desses encontros, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), tesoureiro da campanha, pede doações.
Uma outra preocupação dos petistas é evitar escândalos relacionados aos gastos da campanha. O partido é acusado na Lava-Jato de ter se beneficiado de dinheiro de propina para financiar as suas campanhas.
— Vai ser uma eleição muito mais barata e feita em moldes diametralmente opostos aos anteriores. Vai haver um comitê de ética e estrutura de auditoria interna — afirmou Teixeira.
A campanha de Haddad também espera contar com recursos do Diretório Nacional do PT para fechar as contas.
Já o PSDB detectou, após sondagem prévia a potenciais doadores nas últimas semanas, que os orçamentos estavam acima da expectativa de arrecadação e desfez toda a estrutura de campanha que estava acertada (marqueteiro, produtora de vídeo e gráfica).
O PSDB estava, inicialmente, trabalhando com um orçamento um pouco maior, mas a dificuldade de arrecadar recursos obrigou a troca por uma estrutura mais enxuta. A busca de recursos se dará em duas frentes. Uma será conduzida pelo partido junto a empresários simpatizantes de longa data da legenda. Está proibida a doação por empresas, mas pessoas físicas podem contribuir. A outra frente será tocada por Doria junto a amigos e conhecidos, a maioria empresários.
Doria tem usado o orçamento minguado como discurso de campanha:
— Será uma eleição com poucos recursos e muita economia, como se faz no setor privado. O tempo de marqueteiros e fornecedores que ficavam milionários com campanhas acabou. A farra acabou — afirmou.
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