Por Thiago Resende e Raphael Di Cunto – Valor Econômico
BRASÍLIA - A candidatura de Marcelo Castro (PMDB-RJ) à presidência da Câmara surgiu assim que Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao renunciar ao cargo, tentou convencer a bancada a ficar de fora da disputa e apoiar o Centrão, no caso, Rogério Rosso (PSD-DF). A ala do partido que derrotou o Palácio do Planalto lançou Castro por insatisfação com a atuação do governo para impedir um candidato oficial da sigla, além da demora em nomeações de indicados a cargos federais.
Castro apoiou Rosso no segundo turno, ainda em contraponto ao Palácio que, segundo a avaliação dessa ala do partido, estava fortalecendo Rodrigo Maia (RJ), candidato do DEM, e, assim, desidratando o correligionário. O pemedebista, até então favorito para a segunda etapa, parou na primeira fase, com 70 votos, enquanto os outros dois superaram os 100.
Aliados de Castro atribuem o revés à atuação do Planalto, além da perda de apoio na oposição. PT, PDT e PCdoB não entregaram todos os votos previstos para o pemedebista. Dividiram-se entre ele e Maia, embora em maior número para ele, numa estratégia do ex-presidente Lula, pelo menos no caso do PT.
O PMDB que sustentou Castro (estimado em cerca de 40 deputados), na maior parte, não seguiu o deputado. Apoiou também Maia. Pemedebistas como Leonardo Quintão (MG) e Washington Reis (RJ), que articularam por Giacobo (PR), candidato do PR ligado à bancada ruralista, também declararam apoio a Maia no segundo turno. Diante da divisão, o líder do partido, Baleia Rossi (SP), liberou a bancada na votação entre Rosso e Maia.
A candidatura de Castro foi uma articulação do ex-presidente Lula, ideia executada, no início, por Celso Pansera (RJ), deputado e ex-ministro de Ciência e Tecnologia de Dilma. Castro esteve à frente da pasta da Saúde no mesmo período.
Pemedebistas descontentes com a articulação política do governo Temer se alinharam. "Tem o desprestígio do PMDB. Parece que dá mais importância para o Centrão", contou um dos integrantes da campanha de Castro, lembrando que Centrão ajudou a eleger Cunha à Presidência da Casa e, depois, ocupou principais cargos em comissões e relatorias.
Quando, por decisão da maioria, o PMDB escolheu Castro como candidato oficial do partido, o PT indicou que iria aderir ao projeto, por ser um dos poucos candidatos contra o "golpe" do impeachment. Mas alguns ainda duvidavam da capacidade de Castro derrotar Rosso em eventual segundo turno. PSDB, PSB, PPS e o DEM (de Maia) resistiam a votar num candidato que teria apoio do PT.
Nenhum comentário:
Postar um comentário