sábado, 3 de setembro de 2016

PT agora defende novas eleições para presidente

• Após negar plebiscito proposto por Dilma, partido quer usar slogan de 1984 em mobilizações contra Temer

Sérgio Roxo - O Globo

SÃO PAULO - Com o fim do processo de impeachment, o PT decidiu assumir a bandeira de eleições imediatas para presidente, numa reviravolta após ter recusado, no mês passado, proposta de plebiscito feita por Dilma Rousseff. O partido não tem uma fórmula para que o plano se concretize, mas pretende usar o tema como mote nas mobilizações contra o governo Michel Temer. A legenda tenta até ressuscitar o slogan “Diretas já”, da campanha por eleições diretas no final da ditadura militar, em 1984.

O tema foi discutido em reunião fechada da Executiva do partido, realizada ontem em São Paulo com a participação de Lula. O líder petista defendeu a necessidade de o partido realizar uma oposição dura ao governo Temer. Também cobrou rapidez do partido nas discussões sobre o caminhos para o futuro. Lula não deixou, ainda, de dar uma cutucada na ex-presidente:

— Eu dei conselhos para a Dilma, mas ela não me ouviu.


Na reunião, o partido conseguiu encontrar um consenso sobre a defesa de novas eleições, que até então vinha causando conflitos internos.

— Diante de um governo que não tem voto, achamos que a única maneira de restabelecer a democracia no país é através do voto popular — afirmou o presidente do PT, Rui Falcão.

Na reunião da Executiva, houve debate sobre a atuação parlamentar do PT no governo Temer. Alguns petistas manifestaram preocupação com o isolamento da legenda se adotada uma postura de oposição radical. Como resposta, Lula defendeu, segundo petistas, que não deve ser feita nenhuma concessão aos projetos do novo presidente, sequer com apresentação de emendas aos projetos que tratem, por exemplo, do limite de gastos ou do novo regime de partilha do pré-sal.

Alinhada ao ex-presidente, a resolução aprovada pela Executiva do partido fala que as bancadas devem atuar de forma “implacável contra o governo usurpador”. Na avaliação feita por Lula aos petistas, um das motivações de Temer para assumir o poder é justamente entregar a exploração de petróleo do pré-sal para empresas estrangeiras.

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