• MPF afirma que ações do grupo X foram pagas com propina
Juliana Castro | O Globo
O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) perdeu parte da propina de US$ 16,5 milhões que, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF), foi paga pelo empresário Eike Batista justamente por ter aplicado em ações do próprio Grupo X. Como as empresas de Eike minguaram, tendo inclusive pedidos de recuperação judicial, o investimento feito pelo peemedebista seguiu o mesmo caminho.
— Esses US$ 16,5 milhões do Eike (que o ex-governador recebeu em propina do empresário), Cabral investiu em ações no exterior e em ações, inclusive, do Grupo X. E perdeu muito dinheiro. Então, na hora que recuperamos (o dinheiro oriundo de pagamentos de vantagens ilícitas), recuperamos um valor inferior a US$ 16,5 milhões — disse ao GLOBO o procurador Sergio Luiz Pinel, integrante da força-tarefa da Lava-Jato no Rio.
QUEDA VERTIGINOSA DE AÇÕES
Em 2012, mesmo ano em que foi considerado o sétimo homem mais rico do mundo pela revista “Forbes”, Eike viu o início da queda de seu império. Em junho daquele ano, a OGX revisou a produção de barris do campo Tubarão Azul, na Bacia de Campos, para um quarto do inicialmente avaliado. O campo era a grande aposta da companhia. As ações da petrolífera despencaram e mergulharam as demais empresas do grupo numa profunda crise de confiança. Um ano depois, a ação da OGX caiu para menos de R$ 1. A situação se agravou com o pedido de recuperação judicial da empresa, em outubro de 2013. O pedido de outras duas empresas (OSX e MMX Sudeste) veio em seguida.
Eike foi alvo de um mandado de prisão na Operação Eficiência, mas não foi encontrado em casa. Os procuradores investigam quais vantagens o empresário obteve para pagar propina a Cabral. Na peça em que fundamenta a ação, deflagrada anteontem, o MPF cita os investimentos do exgovernador em ações. Sem falar especificamente sobre os papéis do Grupo X, um dos delatores conta que houve uma redução dos valores dos ativos em função da desvalorização das ações indicadas por Sérgio Cabral para investimento.
Os irmãos Marcelo e Renato Chebar, os delatores cujos depoimentos embasaram a Operação Eficiência, contaram que tiveram problemas para a abrir a conta no Uruguai que receberia a propina paga por Eike a Cabral. Assim, ficou acertado que a Golden Rock, offshore de Eike, adquiriria ações em bolsa nos Estados Unidos, conforme orientação de Cabral. Elas ficariam inicialmente no nome da própria Golden Rock. Durante um encontro em Nova York, no ano de 2011, o peemedebista indicou ao delator Renato Chebar a compra de ações da Petrobras, Vale e Ambev. A conta do banco no Uruguai foi aberta em setembro daquele ano e então foi feita a transferência da custódia das ações para ela.
O GLOBO entrou em contato com a defesa de Eike Batista e Cabral, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.
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