- Folha de S. Paulo
Tente encontrar alguém que vive fora de Brasília preocupado com a eleição para as presidências da Câmara e do Senado. É uma tarefa árdua. Jornalistas que fazem a cobertura, por dever de ofício, e políticos são os que mais se interessam.
O desdém das ruas há de ter suas razões, afinal o Congresso não está nem aí para o que você pensa sobre a disputa. Na campanha, pouco importa a biografia do candidato. O que pesa são cargos, benesses e privilégios, alguns deles inconfessáveis.
Em fevereiro de 2005, o baixo clero da Câmara deu uma sova no candidato do PT e do então presidente Lula para eleger Severino Cavalcanti.
Ele caiu da cadeira, passados sete meses, pelo escândalo do mensalinho de R$ 10 mil que cobrava para autorizar o funcionamento de um restaurante contratado pela Casa.
No outro lado, no Senado, reinava Renan Calheiros, que em 2007 renunciaria à presidência em meio à revelação de que recorreu a um lobista para pagar despesa de uma filha com a jornalista Mônica Veloso.
Os senadores então elegeram José Sarney em 2009. Sua gestão protagonizou a maior crise administrativa da história do Senado após a revelação dos atos secretos e de outros desmandos internos com verba pública.
Saiu Sarney, voltou Renan. O alagoano deixa o cargo nos próximos dias como réu pela mesma acusação que o derrubara anos atrás, além de ser alvo de inquéritos da Lava Jato.
Se nada sair do previsto, o deputado Rodrigo Maia e o senador Eunício Oliveira serão eleitos na semana que vem para comandar cada Casa. Nenhum dos dois traz uma expectativa de novos tempos no Congresso.
O primeiro já ocupa um mandato-tampão desde julho, quando foi escolhido para substituir Eduardo Cunha. Maia leva o apelido de "Botafogo" na delação da Odebrecht.
Do grupo de Renan e Sarney, Eunício, chamado de "Índio" na planilha da empreiteira, é mencionado como destinatário de R$ 2,1 milhões em troca de uma medida provisória.
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