Sem outros tucanos de peso na cerimônia, o prefeito de São Paulo, João Doria, aproveitou a posse para lançar o governador Geraldo Alckmin, seu padrinho político, candidato à Presidência em 2018: “Com Geraldo Alckmin vamos colocar o Brasil nos trilhos.” Em clima cordial, o ex-prefeito Fernando Haddad, do PT, disse que fez a transição como se Doria fosse seu irmão.
Doria promete eficiência e lança candidatura de Alckmin para 2018
• Novo prefeito de São Paulo diz que fará governo histórico, ético e conciliador
Silvia Amorim | O Globo
-SÃO PAULO- Em sua posse ontem como prefeito de São Paulo, o empresário João Doria (PSDB) prometeu um governo histórico, conciliador e eficiente e, mais uma vez, lançou o nome de seu padrinho político, o governador Geraldo Alckmin, para a Presidência, em 2018. O discurso resume a missão que Doria tem agora à frente da maior capital do país: fazer uma gestão bem-sucedida capaz de impulsionar a candidatura de Alckmin ao Palácio do Planalto pela segunda vez.
A maratona do novo prefeito durou cerca de três horas. Primeiro, Doria assinou o termo de posse na Câmara municipal, onde também viu os 55 vereadores assumirem seus mandatos. Depois, foi ao Theatro Municipal de São Paulo para a transmissão de cargo. Doria discursou três vezes. No terceiro pronunciamento retribuiu elogios de Alckmin defendendo o nome do padrinho para 2018. O prefeito estava no fim de sua fala quando um dos convidados, na plateia, disse que Doria colocará a cidade nos trilhos. Aproveitando a deixa, o prefeito afirmou:
— Vamos, sim. E com Geraldo Alckmin vamos colocar o Brasil nos trilhos.
Foi na Câmara municipal que o prefeito estreante falou em proporcionar uma “etapa histórica” à cidade, com um governo conciliador.
— Começamos uma etapa histórica na vida de São Paulo. Uma etapa de ação, trabalho, atitude e humildade — afirmou Doria.
TROCA DE GENTILEZAS
Mais adiante, ele garantiu que governará para pobres e ricos igualmente. Milionário, Doria foi criticado por adversários, na campanha, por nunca ter estado na periferia de São Paulo e por ser um dos candidatos mais abastados.
— Todos que vivem nesta cidade, brasileiros e não brasileiros, vão merecer o nosso respeito, e o respeito de uma gestão conciliadora.
A solenidade de transmissão de cargo, no fim da tarde, contou com a presença do prefeito Fernando Haddad (PT), além da de Alckmin. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro José Serra não foram à festa. Também compareceram líderes religiosos.
Assim como ocorreu no Rio, a passagem de bastão ocorreu em clima de gentilezas. Doria e Haddad trocaram afagos. Num discurso breve de despedida, o petista disse que fazia a transição de governo como se fosse a um irmão. No palco do Theatro Municipal, Haddad deixou de lado as desavenças políticas entre PT e PSDB e desejou ao sucessor “um grande mandato”.
Para o momento histórico, Haddad usou uma gravata que havia recebido de presente de Doria semana passada. O acessório é azul, cor do PSDB.
— Fiz essa transição como se tivesse feito com um irmão. Fiz assim em respeito ao povo trabalhador. Eles merecem tudo de nós — afirmou Haddad, que defendeu o seu legado à frente da prefeitura ao dizer ao sucessor que ele receberá “uma cidade em ordem”: — Você senta na sua cadeira de prefeito amanhã tranquilo, pondo seu programa de governo para rodar, sem ter preocupação com fila de credores e de gente desarvorada procurando o prefeito. E com uma dívida que é um terço da que eu herdei.
TABELINHA E “GOLEADA DE REALIZAÇÕES”
Ao lado dos maridos, a ex-primeira-dama Ana Estela Haddad, num vestido esvoaçante vermelho, despediu-se do cargo com um abraço na sucessora, Bia Doria, que optou por um conjunto de blazer e saia branco.
Elogios a Haddad continuaram no discurso do governador. Alckmin destacou “a postura republicana” com a qual o petista conduziu a transição de governo nos últimos dois meses. Sobre o afilhado político, afirmou que é um “incansável trabalhador”. Num discurso lido, Alckmin limitou-se a falar da cidade e dos desafios para Doria. Apenas num único momento fez uma referência ao contexto político nacional.
— O Brasil precisa de otimistas racionais, e eu vejo no João Doria um deles — afirmou.
Usando metáforas futebolísticas, Alckmin disse que fará uma tabelinha com Doria e que, juntos, farão uma “goleada de realizações”.
A cerimônia de transmissão de cargo terminou com a bandeira do Brasil descendo no palco sob a música “Tema da Vitória”, que ficou eternizada com o piloto Ayrton Senna.
No primeiro dia de governo, Doria promete se vestir de gari e, ao lado de seus secretários, lançar, às 6h, o programa Cidade Limpa, numa praça no centro da cidade.
O tucano, que se torna o 62º prefeito de São Paulo, foi eleito em primeiro turno com cerca de 3 milhões de votos, em sua estreia numa disputa eleitoral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário