Por Fernando Lopes | Valor Econômico
SÃO PAULO - Fortalecidos por preços mais elevados das commodities e pelo câmbio favorável às exportações em boa parte do ano, produtores rurais retomaram no ano passado os investimentos em busca de aumento da safra e ganhos de eficiência. Em 2015, o setor agrícola havia cortado aportes mesmo em insumos básicos, mas nos últimos meses, apesar da queda do Produto Interno Bruto e da quebra das colheitas de grãos e de café conilon, a situação mudou.
São vários os indicadores dessa retomada, que ajuda a confirmar as projeções de uma excelente colheita. O país se prepara para colher uma safra recorde de mais de 210 milhões de toneladas de grãos em 2016/17, quase 15% superior ao volume registrado em 2015/16.
Está havendo, por exemplo, maior liberação de recursos para investimentos no setor. Segundo o Banco Central, foram R$ 13,9 bilhões entre 1º julho, quando entrou em vigor o Plano Safra 2016/17, até o fim de novembro, 5,3% mais que no mesmo período do ciclo anterior. O aumento foi puxado pela tomada de recursos do Moderfrota, linha destinada à aquisição de máquinas agrícolas.
Outro movimento significativo foi a expansão na venda de tratadores e colheitadeiras, que aumentou quase 20% entre julho e novembro em relação ao mesmo período de 2015, segundo a Anfavea. A entidade prevê que a recuperação terá prosseguimento neste início de 2017, sobretudo na área de colheitadeiras. Também cresceram as vendas de fertilizantes, que chegaram a 31,4 milhões de toneladas nos 11 primeiros meses de 2016, 11,4% mais que no mesmo período de 2015, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
A retomada dos investimentos ainda ocorre de forma desigual, conforme o segmento. Até porque houve também setores em que se constatou aumento no endividamento, redução nas margens de lucro e pedidos de recuperação judicial de agroindústrias. Embora concentrados em seus alicerces, os gastos setoriais até surpreenderam por terem conseguido estimular inovações.
Investimentos e inovação em alta no campo
Depois de pisarem no freio em 2015, quando mesmo aportes em insumos básicos encolheram em meio a turbulências políticas e crise econômica, os produtores rurais do país não esperaram a tempestade se dissipar para retomar os investimentos. Voltaram à carga em 2016 e, mesmo com mais um preocupante recuo do Produto Interno Bruto (PIB) e uma forte quebra das safras de grãos e de café conilon, recolocaram o agronegócio brasileiro nos trilhos do crescimento e dos ganhos de eficiência.
Isso não significa, evidentemente, que os diferentes segmentos que compõem o setor tenham ficado alheios aos problemas que, entre outros reflexos deletérios, elevaram o endividamento no campo, espremeram margens de lucro e continuaram a gerar pedidos de recuperação judicial de agroindústrias. Nem que tenha havido uma gastança desenfreada em planos de expansão. Mas, embora concentrados em seus alicerces e embalados por preços elevados e câmbio favorável em boa parte do ano, os gastos setoriais até surpreenderam, estimular inclusive inovações.
Um dos termômetros dessa retomada são os desembolsos de crédito rural, cujos juros são subsidiados pelo Tesouro. Dados do Banco Central mostraram que as liberações para investimentos somaram R$ 13,9 bilhões de 1º julho, quando entrou em vigor o Plano Safra 2016/17, até o fim de novembro, 5,3% mais que no mesmo período do ciclo anterior. O aumento foi puxado pela tomada de recursos do Moderfrota, linha destinada à aquisição de máquinas agrícolas, que inclusive "ganhou" mais R$ 2,5 bilhões - eram R$ 5 bilhões inicialmente - para atender ao pujante reaquecimento da demanda.
Conforme a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entre julho e novembro foram vendidos 21,7 mil tratores e colheitadeiras no Brasil, quase 20% mais que em igual intervalo do ano passado. E a entidade prevê que a recuperação terá prosseguimentos neste início de 2017, sobretudo na área de colheitadeiras. Vale lembrar que o país se prepara para colher uma safra recorde de mais de 210 milhões de toneladas de grãos em 2016/17, quase 15% superior ao volume registrado em 2015/16.
Mesmo antes de o Plano Safra 2016/17 entrar em vigor, já eram visíveis os sinais de que os investimentos já haviam começado a reagir, uma vez que a movimentação nos mercados de sementes e fertilizantes, ainda no primeiro semestre, mostrava uma nova dinâmica. Estimuladas por relações de troca favoráveis aos agricultores, por conta de câmbio e preços elevados nos mercados de soja, milho, cana, café e laranja, entre outros, as vendas de fertilizantes chegaram a 31,4 milhões de toneladas nos 11 primeiros meses de 2016, 11,4% mais que no mesmo período de 2015, de acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
E, se naquilo que é básico os investimentos voltaram a aumentar, em inovação não foi muito diferentes. Um dos mais relevantes indicadores de que o terreno está fértil para a proliferação de novas ferramentas e soluções voltadas ao agronegócio apareceu em dezembro, com a divulgação do 1º Censo Ag Tech Startups Brasil, realizado pela Esalq/USP e pelo AgTech Garage, de Piracicaba (SP). O trabalho apontou 76 startups atuando no desenvolvimento de tecnologias inovadores para solucionar gargalos do campo. Em 2011, eram apenas nove. E, no momento, há outras dezenas em gestação.
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