Novo fundo precisa estar associado a uma mudança nas regras eleitorais
Paulo Celso Pereira | O Globo
Não é de hoje que os políticos tendem a evitar ao máximo mudanças profundas no sistema pelo qual se elegem. Assim, coube ao Supremo Tribunal Federal , há dois anos, fazer a mais profunda reforma política que o país enfrentou em duas décadas: a proibição do financiamento empresarial das campanhas.
No meio político, no entanto, é voz corrente que o caixa 2, mais uma vez, reinou na campanha de 2016, a primeira que deveria ter sido financiada apenas com recursos do fundo partidário e de doações de pessoas físicas. Agora, com a espada da Lava-Jato sob suas cabeças, parlamentares tentam minimizar o problema propondo a criação de um fundo bilionário para financiar suas campanhas a cada dois anos.
As estimativas variam, mas, apenas como referência, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, apresentou um estudo segundo o qual apenas as campanhas para deputado federal em 2014 consumiram, oficialmente, R$ 5 bilhões. O caixa 2, obviamente, é imensurável.
O cerne do problema, no entanto, ainda está longe de ser atacado: o sistema eleitoral no qual milhares de candidatos percorrem estados inteiros e tem como prioridade derrotar os candidatos de seus próprios partidos. Nesse formato, que torna as campanhas caríssimas, é difícil acreditar em políticos que sempre fizeram caixa 2 e agora passarão a se contentar em ter os mesmos recursos que seus adversários.
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