Candidato não anima eleitores e legenda deve obter pior resultado nas urnas em 1969
Andrei Netto | O Estado de S.Paulo
PARIS - Deputados do Partido Socialista (PS) liderado pelo ex-ministro Benoit Hamon fez oposição ao governo do presidente François Hollande, eleito pelo próprio partido, no Parlamento. A atitude foi tomada em nome dos valores de esquerda , e provocaram a fratura da legenda entre uma ala social-liberal e outra socialista keynesiana.
O resultado dos confrontos internos cobra o preço agora. Depois de 47 anos como força hegemônica da esquerda na França, os socialistas se preparam para obter seu pior resultado em eleições presidenciais desde 1969.
Quem paga o preço é, por ironia, o próprio Benoit Hamon. Depois de desafiar o governo Hollande, de pressionar pela realização de prévias no partido e de vencer o voto interno, o ex-ministro da Educação foi incapaz de unir a legenda em torno de seu programa de governo, considerado irrealista pela ala moderada do PS.
Sua candidatura foi perdendo apoio, caindo de 18%, nas melhores projeções, em janeiro, para o piso de 7,5% alcançado ontem, segundo o instituto Ipsos.
“Eu era de esquerda, socialista de verdade. Na minha primeira eleição em 2012, aos 18 anos, votei François Hollande”, diz Baptiste Malatier, 23 anos, morador de Lion, no sudeste francês. Com as brigas internas no PS, o jovem aderiu à candidatura de Emannuel Macron. “Ele é de esquerda do ponto de vista social, mas se abre ao centro-direita, aceita o mercado, aceita reformar, e defende o consenso.”
Quem ainda é fiel ao PS e a Hamon lamenta o desgaste provocado pelo exercício do poder. “Há coisas positivas no governo Hollande. Mas em outras ele não cumpriu as promessas de 2012, como o emprego”, lamenta Christien Lafont, 71 anos, organizador da campanha do PS em Haute-Loire.
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