Por Cristiane Agostine | Valor Econômico
SÃO PAULO - O presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), afirmou ontem que qualquer articulação do partido sobre a sucessão presidencial será feita em conjunto com o presidente Michel Temer. O dirigente tucano disse que, por enquanto, não há possibilidade de acordo com o PT sobre quem deverá suceder Temer na Presidência e que é preciso "desarmar os espíritos" para o país voltar à normalidade. Tasso afirmou ainda que o PSDB deverá vincular a decisão sobre o eventual desembarque do governo ao resultado do julgamento da chapa Temer-Dilma Rousseff pelo Tribunal Superior Eleitoral, marcado para 6 de junho.
Ontem, Tasso reuniu-se por mais de três horas com Fernando Henrique Cardoso, no apartamento do ex-presidente, em São Paulo. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital paulista, João Doria (PSDB), também participaram do encontro.
O dirigente afirmou que todas as articulações em torno da eventual saída de Temer do cargo terão a participação do presidente, sinalizando um acordo entre PSDB e o PMDB. "Qualquer coisa tem que passar pelo presidente Temer e [pela] avaliação dele. O consenso é que qualquer movimentação seja em conjunto com o presidente".
Tasso negou que lideranças do PSDB, como FHC, estejam negociando com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criticou a atuação do PT. "Existe neste momento uma grande exacerbação do PT, que entrou em linha de radicalismo, pelo menos no Senado, fugindo até dos preceitos legais, constitucionais. Esperamos que estejam revendo essa posição porque chegar ao desarmamento dos espíritos no Brasil é fundamental para que a gente possa retomar a vida normal, os empregos"
O presidente do PSDB disse que a Constituição determina a eleição indireta no caso de Temer deixar a Presidência, afastando assim um possível acordo com a esquerda em torno da realização de eleições diretas. Questionado sobre sua eventual candidatura à Presidência, em caso de eleição indireta, Tasso desconversou. "Nem pensei nisso nem ninguém pensou nisso".
O dirigente afirmou que o "momento é de muita responsabilidade" e que está escutando as lideranças tucanas para definir se o PSDB deixará o governo federal e quem poderá suceder Temer na Presidência, em caso de vacância do cargo.
Ao falar sobre a reunião com FHC, Doria e Alckmin, o tucano afirmou que há visões divergentes entre seus três correligionários sobre a postura do PSDB em relação apoio ao governo Temer. Questionados sobre essas diferenças, Tasso minimizou e disse que são opiniões distintas sobre a crise enfrentada pelo país, sobretudo em relação aos rumos d economia. "O que todo mundo concorda é que até as gravações [a economia] estava indo muito bem, no trilho para retomar o crescimento. Esse fio foi rompido, perdido. Então o que fazer para retomar esse fio?"
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