O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, prevê que a denúncia contra o presidente Temer será votada dia 2: “Não podemos deixar o paciente com a barriga aberta.”
Operação de risco
Maia pede decisão sobre Temer: ‘Paciente não pode ficar no centro cirúrgico com barriga aberta’
Sérgio Roxo, O Globo
SÃO PAULO - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a questão da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer será resolvida já na semana que vem. Em mais uma das muitas analogias que comparam a situação do governo a um paciente grave desde que a crise da JBS infectou o Palácio do Planalto, o deputado disse que o doente não pode mais esperar que a questão seja resolvida:
— Eu acho que é muito grave que a Câmara não tome uma decisão, seja para aprovar ou não, aí é uma decisão de cada deputado. O que a gente não pode é deixar o paciente no centro cirúrgico com a barriga aberta — disse Maia, ao ser indagado sobre a avaliação do governo federal de que a oposição pode boicotar a sessão.
Maia disse “ter certeza”, mesmo sem consultar líderes partidários, que haverá quorum no primeiro dia depois do fim do recesso parlamentar, 2 de agosto, para votar a denúncia. O presidente da Câmara jantou com Temer na noite de quinta-feira, mas diz que a denúncia da PGR não foi abordada no encontro. Para que a votação seja iniciada, é necessária a presença em plenário de 342 dos 513 deputados.
Uma das possibilidades é o bloco comandado pelo PT não comparecer ao plenário, apostando no surgimento, no futuro, de novas acusações contra Temer, que poderiam reverter o quadro hoje favorável ao governo na Câmara. Mas Maia acredita que o quorum será atingido com os parlamentares da base que votarão contra o governo.
— Aqueles que são partido da base e votarão a favor da abertura da denúncia não têm nenhum motivo para obstruir a votação. Então, haverá quorum. Quando o quorum for atingido, a oposição vai a plenário e nós teremos uma votação com mais de 480 deputados — apostou Maia.
Temer precisa de 172 votos para impedir que a denúncia por corrupção passiva, apresentada no dia 26 de junho pela PGR, seja enviada para o Supremo Tribunal Federal (STF). Se a Câmara der o aval à denúncia, e o STF aceitá-la, o presidente será transformado em réu e terá de se afastar do comando do país por até 180 dias. Neste caso, será substituído por Maia no período. A avaliação majoritária no Congresso, no entanto, é que Temer conseguirá votos suficientes para barrar o prosseguimento da denúncia.
— Não se pode jogar com um assunto tão grave e tão sério como uma denúncia oferecida pela PGR contra o presidente da República. Não votar é manter o país parado neste momento em que a economia se recupera, mas ainda vivemos muitas dificuldades — afirmou o presidente da Câmara.
Maia viajou ontem para São Paulo para almoçar com o prefeito em exercício da cidade, o vereador Milton Leite (DEM), que substitui por cinco dias o prefeito João Doria (PSDB), em viagem à China, e o vice, Bruno Covas (PSDB), que tirou licença.
Maia promete retomar a agenda de reformas, com a aprovação da PEC da Previdência, assim que a denúncia contra Temer for votada.
— Quando um paciente entra no centro cirúrgico, a gente espera que ele saia com uma solução para sua doença. Se essa denúncia não for resolvida, é uma doença que o Brasil vai carregar, porque a pauta do Congresso vai ficar parada — afirmou o presidente da Câmara, que também se disse favorável à manutenção da atual meta fiscal.
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