Ministro da Defesa diz que ações de inteligência nortearão plano
Tropas que estão no estado e reúnem 10.240 homens fizeram ontem operações em vias expressas e em 22 pontos da Região Metropolitana. Decreto do presidente Temer dá poder de polícia a militares
Carla Rocha, O Globo
As Forças Armadas estão desde ontem nas principais vias expressas e em 22 pontos da Região Metropolitana, numa ação integrada com as polícias federais e estaduais para “golpear o crime organizado”, como anunciou o ministro da Defesa, Raul Jungmann. A operação “O Rio quer segurança e paz”, que mobiliza 10.240 homens, se estenderá até o fim de 2018. Decreto do presidente Temer autorizou o início do plano, cujo carro-chefe é a “inteligência”, segundo Jungmann. Nas ruas, populares aplaudiram a chegada dos militares.
As Forças Armadas já estão nas ruas do Rio com poder de polícia, podem entrar em favelas, revistar pessoas e fazer prisões. A medida, que começou ontem com a assinatura de um decreto do presidente Michel Temer, acontece quando a violência no estado chega a níveis insustentáveis. Depois de um consistente período de estabilidade, com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora, as estatísticas de criminalidade voltaram a assumir uma curva ascendente e, em alguns casos, a explodir.
Somente este ano, foram mais de 600 casos de balas perdidas no Rio — quase quatro por dia —, com mais de 60 mortes. Crianças foram atingidas dentro da escola ou voltando para a casa, assim como trabalhadores morreram em meio ao fogo cruzado que atinge a cidade de ponta a ponta. Desde janeiro, 91 policiais militares foram assassinados. Os homicídios cresceram e também os crimes intrinsecamente ligados à sensação de insegurança, como o roubo de veículos, que teve uma alta de 40% no primeiro semestre. A chegada dos militares, que devem ficar até 2018, já provocou pelo menos um efeito: trouxe um sopro de esperança para um cenário sombrio.
Com o apoio de blindados, as tropas, que ontem foram para as mais importantes vias, como o Arco Metropolitano e a Via Dutra, e também para Ipanema e Copacabana, onde se concentram os turistas, foram recebidas com aplausos. Literalmente. Motoristas também passavam buzinando ou fazendo sinal de positivo. São 10.240 homens: 8.500 do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, além de 620 homens da Força Nacional e 1.120 da Polícia Rodoviária Federal.
Do ponto de vista operacional, pouco foi detalhado sobre o Plano Nacional de Segurança, que será coordenado a partir do Comando Militar do Leste, além do fato de que ele prevê a integração entre militares e as polícias estaduais. Tudo é mantido em sigilo. As palavras de ordem são “surpreender” e “golpear” o crime organizado com ações de inteligência e sem ocupações permanentes.
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