Fábio Matos/Assessoria do Parlamentar
As forças do chamado “centro democrático” devem somar esforços para apresentar uma candidatura que unifique esse campo nas eleições de 2018. Essa é a leitura do deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, que participou na manhã desta segunda-feira (25) do “Jornal Gente”, transmitido ao vivo pela Rádio Bandeirantes (ouça aqui a íntegra do programa).
Durante a entrevista ao programa, comandado pelos jornalistas José Paulo de Andrade, Salomão Ésper e Rafael Colombo, o parlamentar relembrou a disputa pela Presidência da República em 1989 e alertou para o risco de que se repita o excesso de candidaturas no pleito do próximo ano.
“A eleição de 1989 era exclusiva para a Presidência da República. Foi uma longa campanha e havia um clima de euforia no país. Tínhamos saído do regime militar e promulgado a Constituição”, lembrou o deputado. “Agora, o risco de termos muitos candidatos é algo perigoso. Estamos em um processo de depressão, em meio a uma grave crise e sem nenhum tipo de euforia, ao contrário daquele momento. Temos de ter muito cuidado.”
Para Freire, o centro democrático não pode repetir o mesmo erro de 1989 e tem de se unificar para que os extremos, seja à esquerda ou à direita, não polarizem a eleição no 2º turno. “Nesse sentido, nós, do PPS, trabalhamos para buscar a unidade do campo democrático, evitando uma perigosa polarização entre candidaturas sem nenhum compromisso democrático, seja à esquerda ou à direita”, afirmou.
“Temos de lutar por uma candidatura que unifique ao máximo possível o campo democrático. Para enfrentarmos uma extrema-direita reacionária, autoritária e que edulcora o período da ditadura militar, além de ter um forte componente de fundamentalismo religioso. E, por outro lado, também uma esquerda atrasada que defende Maduro”, prosseguiu o presidente do PPS.
Segundo o parlamentar, a defesa aberta do regime venezuelano fez o PT e as forças que o apoiam ficarem ainda mais isolados do pensamento majoritário da opinião pública e da sociedade brasileira. “O núcleo duro do PT demonstra descompromisso com a democracia, tanto que apoia a ditadura de Maduro na Venezuela. Isso é algo que o isola ainda mais.”
Ainda em relação às próximas eleições, Roberto Freire projeta a consolidação de movimentos criados pela própria sociedade civil e oriundos de fora das agremiações políticas. “Creio que a campanha de 2018 não vai se dar em torno de partidos políticos, mas de busca por movimentos da cidadania. Isso está ocorrendo em todo o mundo. Esse processo já começou”, disse.
Esquerda x direita
O presidente do PPS também foi perguntado sobre o antagonismo entre esquerda e direita – e se ainda faz sentido, no mundo de hoje, dividir o espectro político-ideológico entre essas duas principais forças.
“A questão de esquerda e direita não é um sinal de trânsito. É um referencial político. Isso permanece. O que acabou é o conteúdo daquela esquerda da revolução industrial”, analisa. “Com a presença do PT no governo, foram cometidos tantos desmantelos que isso resultou em um sentimento de rancor generalizado contra as esquerdas.”
Reforma política
Ainda durante a entrevista à Rádio Bandeirantes, Roberto Freire voltou a criticar duramente o sistema eleitoral conhecido como “distritão” – pelo qual passariam a ser eleitos os candidatos mais votados a deputado, independentemente das coligações que integrassem ou dos partidos aos quais pertencessem. O parlamentar também rechaçou a criação de um fundo público de mais de R$ 3 bilhões destinado ao financiamento das campanhas eleitorais.
“O distritão é um desastre e acabaria com a democracia representativa. Felizmente, conseguimos derrotar essa proposta, assim como o tal fundão”, afirmou Freire. “Temos de baratear as campanhas eleitorais. A campanha braisleira é uma das mais caras do mundo. É um absurdo o que se gasta aqui.”
Rádio Trianon
Também nesta segunda-feira, o presidente do PPS participou de outro programa de rádio, o “Gente Que Fala”, transmitido ao vivo pela Rádio Trianon.
A atração foi apresentada pelo jornalista Zancopé Simões e contou com a participação de outros três debatedores: a promotora de Justiça Eliana Passarelli, o deputado estadual Luiz Fernando (PT-SP) e o economista e ex-deputado José Roberto Faria Lima
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