A sexta edição do Ranking Universitário Folha (RUF), publicada nesta segunda-feira (18), registra a inversão de posições entre universidades estaduais paulistas, com a Unicamp ultrapassando a USP para ocupar o segundo lugar.
A UFRJ mantém-se na liderança. Isso também poderá suscitar alguma surpresa, em vista da crise de financiamento que ronda as instituições federais.
Dado que a maior parte das verbas do ensino superior se destina ao pagamento de salários de professores e funcionários —a maioria com estabilidade no emprego—, a margem possível para cortes de despesa se dá no custeio e nos investimentos das instituições.
O Orçamento da União destina neste ano R$ 33,7 bilhões ao setor, dos quais R$ 21,2 bilhões para pessoal. O restante é e será alvo de contingenciamentos, em razão da queda de receitas tributárias e do avanço inexorável das despesas com a Previdência Social.
Também problemática se mostra a situação das universidades estaduais paulistas, a despeito de contarem com um percentual fixo da arrecadação de ICMS (9,57%).
A receita de USP, Unicamp e Unesp basicamente só dá conta da folha de salários e aposentadorias. Mas, assim como no caso federal, seria prematuro atribuir suas posições relativas no ranking a percalços financeiros.
A classificação, em realidade, reflete investimentos passados. Ao que parece, tão cedo não será alterada a dominância, no RUF, das universidades públicas –basta constatar que a primeira instituição privada da lista aparece em 18º lugar (PUC-RS), e mesmo assim uma entidade sem fins lucrativos.
Não se deve atribuir valor exagerado, ademais, à troca de posições entre as líderes paulistas. Na realidade, as três primeiras colocadas carregam notas totais muito próximas: UFRJ, 97,42; Unicamp, 97,31; e USP, 97,24.
A USP, em geral reconhecida como a mais importante universidade do Brasil, só não aparece em primeiro ou segundo lugar porque boicota o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes.
A prova, aliás, é um das fontes da deficiência da avaliação universitária no país. Não poucos alunos a ignoram, ou entregam o exame em branco —algo que só mudará quando o resultado integrar o histórico escolar e afetar a colocação no mercado de trabalho.
O acesso de formados ao emprego, que no mundo todo contribui para a reputação de universidades, é uma lacuna nas estatísticas do setor. O Ministério da Educação deve ao país um plano consistente para agregar essa informação crucial ao acervo de dados construído nas últimas duas décadas
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