Por Cristian Klein / Valor Econômico
RIO - O prefeito de São Paulo, João Doria, afirmou que não será um "agente fracionador de São Paulo e, principalmente, do PSDB" na eleição presidencial e não descartou ser o vice em uma chapa "puro-sangue" liderada pelo governador do Estado, Geraldo Alckmin. "Todas as hipóteses ficam em aberto, não advogo nenhuma delas". A uma plateia de empresários, defendeu uma frente para impedir uma vitória de Lula ou Bolsonaro.
Doria afirma que chapa puro-sangue em 2018 é uma "hipótese em aberto"
O prefeito de São Paulo, João Doria, afirmou que não será um "agente fracionador de São Paulo e, principalmente, do PSDB" na eleição presidencial e não afastou a possibilidade está a de ser candidato a vice numa chapa "puro-sangue", liderada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
"Todas as hipóteses ficam em aberto, não advogo nenhuma delas. Não cabe a mim discutir se é chapa pura ou se ela deixa de ser. O que quero reafirmar é que estarei dentro do firme propósito de ter a união do PSDB em São Paulo. Temos que trabalhar a favor de uma causa e de uma união, e eu estou disposto a isso, em qualquer circunstância", afirmou ontem, depois de discursar durante almoço na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Para uma plateia de empresários, Doria defendeu - mais do que seu próprio nome - a necessidade urgente de formação de uma ampla frente de partidos que orbitam o governo de Michel Temer para impedir a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), que lideram a corrida presidencial, segundo as últimas pesquisas do Ibope e do Datafolha. E afirmou que, diferentemente do que fez desde que assumiu a prefeitura, seu foco "mais intenso" agora será o município de São Paulo, especialmente a periferia da cidade.
As declarações do prefeito refletem um recuo de Doria, que desde o início do ano se movimenta muito para ganhar projeção nacional, numa disputa interna com Alckmin, seu padrinho político. O dia do prefeito no Rio foi tomado por uma agenda intensa, ao estilo das que já fez na cidade e em outras capitais do país, num ritmo de pré-campanha eleitoral. Mas o clima e o próprio discurso de Doria indicam refluxo no ímpeto e entusiasmo que o tucano exibia e instigava.
Na plateia da Firjan, de um total de quase 150 lugares, três grandes mesas, com oito cadeiras cada, estavam vazias. Um dos empresários questionou o prefeito sobre o porquê da queda de sua popularidade à frente da prefeitura de São Paulo. "Um pouco de tudo", afirmou Doria, que citou o alto número de viagens nacionais e internacionais - embora "necessárias", disse - e o episódio da farinata. Depois de lançar um composto feito de alimentos próximos da data de validade, que seria distribuído como merenda escolar, o prefeito foi alvo de pesadas críticas nas redes sociais. "Errei. Nós comunicamos mal, e as esquerdas transformaram a farinata em ração, imagine", disse.
Em vários momentos, na Firjan e antes, em cerimônia em que assinou acordo de cooperação na área de saúde com o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), Doria disse que aprendeu com os erros e que, às vezes, é necessário "dar dois passos para trás, para dar três em seguida".
O mea culpa veio acompanhado do comportamento mais partidário, coletivo. Afirmou que está com o governador paulista e "não há hipótese" de os dois ficarem separados em 2018. "Se não estivermos unidos quem ganhará será um extremista de esquerda ou de direita. Precisamos de tolerância, humildade. Lula e Bolsonaro estão fortalecidos, sim, e bem fortalecidos. Os extremos se tocam. Os extremos destroem", disse.
Doria concordou que a pesquisa divulgada pelo Ibope no fim de semana, na qual Lula lidera com 35% e Bolsonaro tem 15% das intenções de voto, acendeu a "luz amarela" entre os tucanos e que é preciso que as "forças de centro" ajam. "Não reconhecer essa realidade é fugir aos fatos. A hora é agora. Estamos a um ano das eleições. Se não aproveitarmos esses próximos dois, três meses para consolidar uma que têm essa mesma crença, a partir de abril será tarde demais", disse.
Doria considerou inoportuna uma candidatura do apresentador de TV Luciano Huck, sem partido, mas que estaria em negociação para se filiar ao PPS. Apesar de outsider, Huck registra 5% com a presença de Lula e 8% no cenário sem o petista - mesmo patamar de Doria e Alckmin. "Respeito e gosto do Luciano, além do que é amigo pessoal. Mas não creio que seja a opção aglutinadora. Se não tiver força partidária, de várias legendas para ter tempo de TV, não vai ganhar essa eleição, não vai construir candidatura sólida e vencedora, é preciso ter atenção e até humildade", disse.
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