As eleições gerais deste ano, mais do que todas as outras havidas desde a redemocratização, dirão mais sobre os eleitores do que sobre os eleitos. Das urnas sairá o atestado de maturidade da Nação. Muito tem sido dito sobre a importância deste pleito em especial e, não sem razão, do papel que ele terá na definição do futuro próximo do País.
Ainda que as candidaturas não estejam oficialmente determinadas, não seria incorreto afirmar que em outubro será dado aos brasileiros escolher entre dois caminhos diametralmente opostos: o conforto da esperança charlatã vendida pelos populistas e a dureza da verdade que precisa ser dita por aqueles que se julgam à altura de liderar o País com responsabilidade.
Em outras palavras, tratar-se-á de uma opção entre a manutenção das benesses fugidias, restritas a uns poucos e insustentáveis a médio prazo, e o apoio à adoção de medidas austeras, impopulares, porém absolutamente necessárias para o equilíbrio fiscal que irá pavimentar o caminho da retomada do crescimento econômico e da construção de um país mais justo.
É importante ressaltar que uma parte substancial desse trabalho de pavimentação já tem sido feita pelo governo do presidente Michel Temer, que em apenas um ano e sete meses conseguiu aprovar projetos importantíssimos para o País, como a fixação do teto dos gastos públicos, a reforma do ensino médio, a reforma da legislação trabalhista e o fim da obrigatoriedade de a Petrobrás participar de todo e qualquer projeto envolvendo o pré-sal, mesmo que fossem contrários aos seus interesses econômicos.
Estas não foram vitórias corriqueiras e só foram possíveis graças à habilidade política do presidente para governar com o Congresso Nacional, sobretudo a Câmara dos Deputados, que presidiu por três vezes.
Não foi por outra razão além da coragem de enfrentar temas delicados, há muito necessários porém negligenciados em função de interesses políticos de ocasião, que, em conjunto com a adoção de medidas econômicas responsáveis, o País venceu a recessão legada pelo governo da presidente cassada Dilma Rousseff, um desatino que deixou mais de 50 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza, de acordo com os dados do IBGE.
Muito foi feito, é verdade, mas muito ainda há por fazer. É fundamental, por exemplo, o debate sobre uma reforma do sistema tributário, hoje uma barafunda de leis, normas e portarias que não raro servem como entrave ao desenvolvimento das empresas, quando deveriam ser o oposto.
Não menos importante é a reforma do sistema político-eleitoral, que embora tenha obtido significativo avanço com a aprovação do voto distrital misto para as eleições de 2020 (vereadores) e 2022 (deputados) e o fim das coligações em eleições proporcionais ainda requer mudanças mais audaciosas, como a adoção da chamada cláusula de desempenho e o fim do financiamento de partidos políticos com verbas públicas.
Nada, no entanto, é tão premente quanto a aprovação da reforma da Previdência. Disso depende não só a viabilidade do próprio sistema, como o equilíbrio das contas públicas, que permitirá ao futuro governo ter recursos para investir em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura, além de garantir a manutenção de políticas sociais.
Em sua coluna publicada no Estado no domingo passado, o economista Gustavo Franco advertiu que “as pesquisas sobre como o povo enxerga as medidas necessárias para a economia invariavelmente levam ao populismo”.
Os oportunistas sabem exatamente como explorar os justos anseios da sociedade para oferecer soluções milagrosas para os complexos desafios que estão diante da Nação. Ao longo da campanha eleitoral que se avizinha, os brasileiros deverão escolher o tipo de país em que desejam viver. Somente os candidatos que não se acovardarem diante da verdade serão dignos de receber os votos daqueles que sabem que um país sonhado para o futuro é resultado direto de sacrifícios no presente. Os ouvidos precisam estar fechados ao canto dos irracionais.
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