- Folha de S. Paulo
Em busca de protagonismo, petistas reduzem opções para a eleição presidencial
“O Ciro ou vai para a direita ou não pode brigar com o PT. Eu fico fascinado de ver como uma pessoa inteligente como o Ciro fala tão mal do PT.”
A declaração do ex-presidente Lula em sua entrevista à Folha mostra a dimensão do abismo que se abriu entre a cúpula petista e a candidatura de Ciro Gomes (PDT) para a próxima corrida eleitoral. Dirigentes do partido até viam com simpatia a possibilidade de apoiá-lo já no primeiro turno, mas sob a condição de que a defesa do PT tivesse papel central na campanha —algo que o ex-ministro de Lula não está disposto a conceder.
Enfraquecidos pelo provável afastamento de seu principal líder do processo eleitoral, os petistas pretendem tratar a eleição de 2018 como uma arena para expor uma narrativa de injustiças contra Lula, denunciar o impeachment de Dilma Rousseff e propagandear o legado dos 14 anos em que a sigla esteve no poder.
Nesse sentido, as críticas feitas por Ciro ao PT nos últimos meses geraram uma incompatibilidade determinante entre os dois grupos, a ponto de Lula tratá-lo como rival, excomungando-o do campo da esquerda.
O comportamento do ex-presidente revela exatamente o que ele tenta negar: o PT ainda tem a ilusão de exercer um papel hegemônico, reduzindo outras forças políticas a meros satélites. O movimento funcionou em quatro eleições, mas pode levar a sigla a um isolamento quase inédito na próxima disputa.
Petistas justificam que o partido tem força para sustentar essa posição porque ainda detém capital político para exercer protagonismo na campanha. Alegam que um candidato do PT apoiado por Lula tem potencial para ser maior do que Ciro —que aparece com no máximo 13% dos votos na última pesquisa do Datafolha.
O plano B petista, porém, ainda é uma incógnita, e as alternativas que o partido tem à mão são cada vez mais escassas. Ao fechar portas cedo demais, o PT corre o risco de chegar às urnas apequenado.
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