Marina Dias | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vai usar o discurso na convenção de seu partido, nesta quinta-feira (8), para marcar um distanciamento do governo de Michel Temer e apontar para a necessidade de uma renovação da política. Sua tese é a de que se chegou ao “fim de um ciclo” de poder no país.
Aconselhado por entusiastas de sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, que será lançada no evento em Brasília, Maia não fará ataques diretos ao presidente, mas se colocará como opção ao tradicional perfil de candidatos que, segundo ele, costuma ser protagonista nas eleições.
A estratégia do presidente da Câmara é sinalizar um afastamento gradual em relação a Temer ao mesmo tempo em que marcará sua posição como possível candidato do campo da centro-direita.
O rompimento com o governo, porém, não será brusco. O presidente da Câmara e seu partido apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff e ajudaram na condução da pauta econômica de Temer.
Nesse cenário, Maia vai trabalhar para não parecer oportunista nem hostil ao governo e estuda, inclusive, fazer uma rápida e elogiosa menção ao presidente, provavelmente sobre sua capacidade de dialogar com o Congresso.
Baseado em pesquisas que mostram desgaste da imagem do PSDB, o objetivo do deputado é duelar com o tucano Geraldo Alckmin, hoje o principal nome de centro na corrida pela sucessão de Temer.
Segundo a Folha apurou, Maia quer fazer um discurso rápido, de cerca de quinze minutos, no qual vai se posicionar no xadrez político para outubro e traçar as linhas gerais de seu eventual programa de governo, baseado em economia, educação e segurança pública —hoje a principal bandeira do Planalto.
O deputado pretende dizer que sua geração, de políticos mais jovens —ele tem 47 anos—, quer ter a oportunidade de comandar o país e garantir que, se for eleito, terá responsabilidade na condução das reformas.
Os principais eixos do discurso foram fechados neste sábado (3), na residência oficial da Presidência da Câmara. Ajudaram na elaboração pelo menos seis aliados, como o publicitário Fernando Barros, o jornalista Luís Costa Pinto, os deputados Rodrigo Garcia (DEM-SP) e Fabio Garcia (DEM-MT), e Paulo Guimarães, especialista em pesquisas eleitorais.
Nesta segunda (5), Maia pretendia enviar o esboço a seu pai, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, antes de fechar a versão final do texto, que ainda pode sofrer alterações.
REAL INTENÇÃO
O lançamento da pré-candidatura de Maia ao Planalto ocorre em meio a dúvidas, inclusive de seus aliados, quanto à sua real intenção na disputa deste ano.
As duas principais teses são as seguintes: se conseguir superar o 1% que tem hoje nas pesquisas e chegar ao patamar de 5% a 7% até maio, Maia mantém seu nome na corrida. Caso veja que não conseguirá se viabilizar até lá, terá angariado força para indicar, por exemplo, o vice na chapa do próprio Alckmin.
A seus auxiliares, o presidente da Câmara admite que a vitória política, neste momento, pode ser até mais importante que a eleitoral, mas não deixa de flertar com a ideia de que, sem o apresentador Luciano Huck na disputa, é ele quem tem a cara de “renovação” que pode conquistar o eleitor.
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