- Folha de S. Paulo
DEM enxerga vácuo na centro-direita e decide levar pré-campanha até o limite
Rodrigo Maia vai dobrar a aposta em sua candidatura ao Palácio do Planalto nesta semana, quando será lançado pelo DEM na convenção nacional da sigla. O ato é visto no mundo político como mera bravata, mas ganhou ares duradouros que passaram a emparedar a vacilante pré-campanha do tucano Geraldo Alckmin.
As dificuldades enfrentadas pelo governador paulista para crescer nas pesquisas abriram uma brecha para que Maia reforçasse o discurso em defesa do lançamento de seu nome em contraposição ao PSDB —a que atribui uma rejeição que impediria a eleição de Alckmin.
O presidente da Câmara patina ainda mais e só chega a 1% dos votos nos levantamentos do Datafolha. Ganha corpo no DEM, entretanto, a estratégia de levar até o limite as articulações por sua candidatura e possivelmente lançá-lo ao Palácio do Planalto, ainda que ele tenda a ser derrotado no primeiro turno.
Os dirigentes do DEM seguem uma lógica de longo prazo. Anos depois de correr risco de extinção, a legenda enxerga no vácuo da centro-direita uma oportunidade única para se posicionar como personagem de destaque em uma eleição e projetar nacionalmente um de seus líderes.
Nas palavras de um cacique, o partido possivelmente seria derrotado nas urnas, mas teria uma vitória política para enfrentar uma nova disputa em 2022 e poderia compor uma aliança com outro nome no segundo turno este ano (certamente Alckmin).
Pode parecer uma peça de ficção, mas Maia está decidido a carregar essa imagem pelos próximos meses —provavelmente até junho. Caso mude de ideia, ainda haverá tempo para rever a tática e fechar um acordo com o PSDB, que tem pressa.
Alckmin quer antecipar um acordo com o DEM para dar corpo a sua candidatura e ceifar dúvidas sobre seu nome. Enquanto Maia corre na mesma raia, cai o preço do tucano no mercado político e aumenta o custo futuro de uma aliança com o DEM.
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