-Folha de S. Paulo
Presidente usa peso do MDB em alianças locais para obter força na disputa nacional
Com uma candidatura desacreditada, Michel Temer decidiu direcionar sua artilharia política para São Paulo. O presidente passou a comandar pessoalmente as negociações do MDB na eleição paulista com o objetivo de recuperar influência na disputa nacional e emparedar Geraldo Alckmin (PSDB) no próprio reduto do tucano.
Temer se lançou à reeleição principalmente para se colocar no jogo. Queria evitar seu esvaziamento definitivo e ficar em posição mais vantajosa para costurar alianças com candidatos competitivos —que terão chances reais de ocupar o gabinete presidencial a partir de 2019.
A duradoura impopularidade do governo e os índices insignificantes de Temer nas pesquisas de intenção de voto, porém, tornaram esse projeto cada vez mais inverossímil.
Nos últimos dias, o presidente passou a exibir uma arma mais potente do que sua duvidosa candidatura. Começou a usar a força do MDB para influenciar a eleição em São Paulo, maior colégio eleitoral do país.
Temer assumiu as discussões sobre o possível apoio da sigla a João Doria (PSDB) ou Márcio França (PSB) na corrida pelo governo do estado. Uma aliança com o partido do presidente poderia desequilibrar a eleição, pois agregaria uma gorda fatia de tempo na propaganda de TV e, de quebra, eliminaria um concorrente forte, Paulo Skaf (MDB), que apareceu com 20% na última pesquisa.
Ao mover suas peças em São Paulo, Temer busca influência na eleição nacional: em troca do apoio no estado, quer exigir um espaço no palanque paulista para o candidato a presidente que defender o legado de seu governo na campanha.
O acordo esvaziaria Alckmin em casa. Aliados de Temer acreditam que, assim, podem impulsionar sua substituição por Doria (considerado um tucano mais amigável) ou forçar o ex-governador a abandonar o tom crítico ao Planalto.
Alckmin julgava tóxica qualquer aproximação com Temer, mas suas dificuldades na pré-campanha podem fazê-lo mudar de ideia.
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