sexta-feira, 6 de abril de 2018

Ricardo Noblat: O enxadrista de Curitiba

- Blog do Noblat | Veja

Cheque mate

O juiz Sérgio Moro joga xadrez. A maioria dos seus adversários, damas.

A decisão de Moro de mandar prender Lula, decorrida apenas 17 horas do fim da sessão de ontem do Supremo Tribunal Federal, foi mais um lance de jogador de xadrez.

Meia hora antes, um dos advogados de Lula, o sempre bem engomado Cristiano Zanin Martins, havia dito inexistir risco de “prisão iminente” do seu ilustre cliente. Zanin Martins joga damas.

Até Lula, hábil enxadrista, às vezes joga damas. Jamais imaginou que poderia ser preso antes do final da próxima semana.

Ao agir com rapidez, uma vez autorizado pelo tribunal de Porto Alegre, Moro encurtou o tempo da defesa de Lula para mantê-lo solto.

Não foi a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez que Moro pôs Lula e seus advogados em xeque.

Há dois anos, na véspera de Lula assumir a chefia da Casa Civil da presidência da República para assim ganhar foro especial escapando de ser preso, Moro divulgou uma gravação que fulminou a manobra.

Foi aquela onde Dilma, presidente, avisava a Lula que um emissário lhe entregaria uma cópia do ato de sua nomeação para ministro. Caso Moro tentasse prendê-lo, bastava mostrá-la para não ser.

O novo lance do enxadrista de Curitiba detonou também uma manifestação de solidariedade a Lula marcada pelo PT para esta tarde.

Às pressas, o partido antecipou-a para ontem à noite. Só reuniu cinco mil pessoas, segundo as contas infladas dos organizadores.

Se simplesmente tivesse mandado prender Lula, Moro poderia ter desatado a fúria dos seus devotos e – quem sabe? – conflitos violentos.

Preferiu intimá-lo a se entregar em Curitiba. Ainda economizou com o avião que buscaria Lula em São Paulo. Lula que vá às próprias custas.

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