Presidente afirma que pode desistir de concorrer a novo mandato e usa como justificativa o ‘excesso’ de pré-candidaturas do cento político
Renan Truffi Tânia Monteiro Felipe Frazão / O Estado de S. Paulo.
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer sinalizou ontem, em entrevista à emissora de TV estatal NBR, a possibilidade de não concorrer à reeleição e criticou o número de pré-candidaturas de centro ao Palácio do Planalto. Temer ressaltou, porém, que a decisão sobre uma eventual candidatura será tomada em julho, quando começam as convenções partidárias para a escolha dos candidatos.
Ao ser questionado se o clima político acirrado e o episódio de hostilidades que enfrentou em São Paulo nesta semana, ao visitar o local onde um prédio desabou, poderiam fazê-lo desistir da candidatura, Temer respondeu: “Não seria esse fato que me faria desistir da reeleição”.
Foi quando criticou o excesso de pré-candidaturas do centro. “Eu posso não ir para a reeleição na medida que eu comece a perceber o seguinte: você tem muitos candidatos. Vejo que no chamado centro tem seis, sete, oito candidaturas, o que não é útil porque você tem que fazer com que o eleitor faça suas opções”.
Com 1% das intenções de voto em pesquisas, Temer enfrenta ainda o “fantasma” da possibilidade de vir a ser alvo de uma terceira denúncia da Procuradoria-Geral da República. Segundo o presidente, “essa (suposta terceira denúncia) seria mais pífia, de menor dimensão que as anteriores”. “Há apenas uma campanha deliberada para tentar enfraquecer o governo”, disse Temer na entrevista.
No Palácio do Planalto, o clima nos bastidores em relação a uma eventual campanha presidencial mudou. Até o início do mês passado, auxiliares do presidente falavam em montar agendas para intensificar as viagens do presidente.
Cenário. Nos últimos dias, o tom do discurso nos bastidores do palácio passou a ser o de ressaltar a importância do “legado econômico” do emedebista durante a campanha eleitoral.
Auxiliares do emedebista sinalizam que ele não tem chance de ser reeleito, mas ainda quer manter influência na sucessão e tentar conseguir construir uma candidatura de centro. Nesse cenário, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) seria uma alternativa para manter a defesa da política econômica do governo.
Temer e o ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato tucano à Presidência, voltaram a se aproximar. O objetivo seria a discussão de um acordo que reunifique o centro político, como mostrou o Estado em abril. Pela proposta, a chapa presidencial pode ser encabeçada pelo tucano com Meirelles de vice. Esta opção, no entanto, ainda encontra resistência do ex-ministro, que tem dito que prefere encabeçar chapa.
Auxiliares de Temer que defendem a candidatura dele dizem que o presidente tem reclamado do desgaste das investigações e que a postura de pré-candidato faz dele um alvo. Afirmam que Temer ainda tem prazo para tomar uma decisão final. Argumentam, por exemplo, que a declaração à NBR serviu mais para reafirmar a disposição de manter o diálogo para uma futura composição e que uma candidatura forte de centro é o mais importante.
Na próxima semana, Temer terá mais reuniões políticas de sondagem sobre o futuro eleitoral do partido. Ele vai se reunir para jantar no Palácio da Alvorada com dirigentes estaduais do MDB, na terça-feira. Na véspera, terá reunião com líderes da base aliada da Câmara dos Deputados, no Palácio do Planalto. Na sexta-feira que vem, pretende promover um evento com todos os ministros para marcar os dois anos na Presidência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário