- Folha de S. Paulo
Governo quer, mais uma vez, recursos do fundo do trabalhador para estimular economia
Com os sucessivos rombos fiscais do governo federal desde 2014, que derrubaram o investimento público ao menor patamar das últimas cinco décadas, a gestão Michel Temer busca, mais uma vez, socorro no FGTS na tentativa de esboçar uma reação do Palácio do Planalto à decepcionante recuperação da economia neste ano.
Em 2017, a liberação das contas inativas do fundo inoculou R$ 44 bilhões na atividade, o que possibilitou às famílias brasileiras acerto de dívidas e algum consumo. Tentou-se repetir a fórmula com o saque de R$ 21 bilhões das cotas do PIS/Pasep, mas os efeitos mostraram-se mais limitados —a permissão vale apenas para trabalhadores acima de 60 anos que ainda não retiraram o saldo das contas individuais, acumulado até 1988. Muitas condições e desinformação no caminho.
É no bilionário FGTS que Temer procura agora acudir a construção civil, setor que mais patina e cujo desemprego é gritante. A investida sobre os recursos do fundo do trabalhador é maquinada no Ministério das Cidades —nas mãos do PP— para verter votos em outubro.
O FGTS já empresta para programas sob a aba da pasta, mas as tratativas da vez são voltadas para financiar prefeituras que ficaram sem dinheiro para finalizar obras de mobilidade da Copa e para turbinar um fundo de arrendamento, que abrange obras do Minha Casa, Minha Vida.
“A construção civil é uma das áreas que mais empregam. Estamos finalizando os números para lançar cerca de 150 mil casas populares do Minha Casa, Minha Vida. Isso vai agilizar a construção civil, mas ao mesmo tempo nós estamos estudando a possibilidade de empréstimos a municípios”, disse Temer —hoje menos candidato que ontem, mas ainda importante peça no jogo eleitoral, apesar de todas as suas toxinas.
A ala política do governo também opera para concretizar uma controversa capitalização da Caixa com R$ 10 bilhões do FGTS a fim de ampliar o crédito para a construção civil. A equipe econômica veta o SOS.
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